Madeleines sem glúten/lactose

Esses bolinhos franceses fofinhos, com uma barriguinha charmosa, se consagraram pelas mãos de Proust. Na célebre passagem de seu livro “Em busca do tempo perdido”, o narrador, ao provar migalhas de madeleines misturadas ao seu chá , é transportado ao seu passado e revive, em suas memórias, momentos felizes de sua infância. E afinal isso não é uma das coisas mais mágicas da comida? Esse poder de nos conectar com memórias? De se emocionar? E de emocionar outras pessoas?

Deixo aqui uma breve passagem do livro. Uma obra prima da literatura.

“E como nesse jogo em que os japoneses se divertem mergulhando numa bacia de porcelana cheia de água pequeninos pedaços de papel até então indistintos, que, mal são mergulhados, se estiram, se contorcem, se colorem, se diferenciam, tornando-se flores, casas, pessoas consistentes e reconhecíveis, assim agora todas as flores de nosso jardim e as do parque do Sr. Swann, e as ninféias do Vivonne, e a boa gente da aldeia e suas pequenas residências, e a igreja, e toda Combray e suas redondezas, tudo isso que toma forma e solidez, saiu, cidades e jardins, de minha xícara de chá.”

Por Mariana Muniz