Chez Papa - Paris

Restaurante bom em Paris é o que não falta. Os lugares mais turísticos porém reservam verdadeiras armadilhas, como, na minha opinião, todos os restaurantes que estão ao redor dos monumentos e mesmo assim, vendendo comida cara e de qualidade duvidosa, eles triunfam. Aliás, a quantidade de brasileiros nesses lugares é enorme.
Quando viajo tento sempre procurar algo que represente bem a cultura local. Não necessariamente um restaurante caro, mas qualquer lugar tenha sempre uma boa comida a um bom preço. Na primeira vez que estive em Paris, em uma das minhas andanças, reparei que era quase 5 horas da tarde e não tinha parado ainda para almoçar.
Não sei porque exatamente me veio uma vontade do nada de comer Cassoulet. Para quem não conhece este prato, o Cassoulet é um dos pratos mais emblemáticos da França, um cozido de feijão branco, carne de porco, carne de pato e uma linguiça chamada saucisse de Toulouse, que é uma linguiça defumada. Tem o jeitão da nossa feijoada, mas não servem com acompanhamentos. E nem precisa.
Eu estava em um bairro que não conhecia ainda e sem um guia na mão. Perguntei para uma lojista se ela conhecia algum lugar por alí que eu poderia comer um Cassoulet ou algo do tipo e ela me indicou o Chez Papa. Fiquei meio desconfiada, mas fui procurar o lugar de qualquer forma pois estava faminta. E foi uma agradável surpresa!
O Chez Papa é um restaurante a primeira vista sem grandes encantos. O ambiente e a fachada não têm aquele charme característicos dos bistrots parisienses. Aliás, não sei se consideraria o Chez Papa um restaurante parisiense, pois ele é na verdade um restaurante de cozinha do sudoeste francês. O cardápio é longo e variado, mas bem típico e a decoração é dominada por ramalhetes de pimenta espelette pendurados pela casa. Logo eu vi o nome “Cassoulet” no cardápio e não prestei atenção em mais nada. Para acompanhar, a casa tem uma pequena carta de vinhos com rótulos somente do sudoeste francês, que além de serem ótimos possuem sempre um bom preço.

A minha escolha lá foi mais do que feliz: o cassoulet do lugar é divino. O Cassoulet do Chez Papa apresenta uma diferença porém: ao invés do feijão branco que eu conhecia, lá eles servem com fava branca. Tudo é cozido lentamente, e o resultado é um cassoulet com um molho muito saboroso e cremoso e levemente gratinado com uma farinha de rosca. A carne de pato é na verdade confitada (cozida em sua própria gordura lentamente), e desmanchava no prato. Juro, não precisava nem de faca! O prato é servido dentro de uma panela de ferro esmaltada e vem em uma cavalar. Pra variar, não consegui comer sozinha então eu diria que por 18 euros você tem aí um Cassoulet para dois. Reparei nas mesas ao lado e tudo que você pede no Chez Papa é bem servido. Até as saladas são servidas em bowls enormes e substituem facilmente uma refeição.
Além de tudo, o dono do restaurante, o senhor da foto do logo do restaurante, fez uma aprição surpresa para olhar o movimento (e os seus funcionários que até mudaram de cor a hora que ele chegou). Não entendi o porquê (haha, coitados) pois ele fez questão de parar na minha mesa e conversar. Muito simpático ele portava um sobretudo longo e o seu chapéu marca registrada.

A carta de sobremesas não tinha nada diferente e era basicamente de sobremesas tradicionais francesas. Na primeira vez que eu fui ao Chez Papa não consegui comer a sobremesa pois me joguei no Cassoulet. Gostei tanto que já voltei lá com outros amigos e pedimos o queijo branco com frutas vermelhas, leve e delicioso. Pedi também um prato de carolinas com sorvete, creme Chantilly e calda de chocolate (que apesar da aparência doida estava uma delícia) e uma taça de sorvetes bem característicos: baunilha, caramelo salgado e chocolate com pimenta espelette! Tudo simples mas excelente!

O Chez Papa cresceu e já tem diversos restaurantes pela cidade. Eu já visitei três diferentes, cada um com uma decoração, mas a comida têm um padrão excelente. Nos três restaurantes que eu fui (e em um deles eu fui já 3 vezes), a comida é sempre a mesma. Ponto para eles, pois é muito comum um restaurante crescer, abrir várias filiais por aí e perder o seu charme e qualidade. Mas não é o caso do Chez Papa.