Châteauneuf du Pape – o "vinho do Papa"
Muitas vezes me pego sendo questionada por amigos sobre os vinhos Châteauneuf du Pape. As perguntas variam desde “Ele é bom mesmo, ou é só nome?”; “ O que que o Papa tem a ver com esse vinho?”; “De que região é esse vinho?”; e a mais comum: “De que uva é feito?”… Então que tal “começarmos pelo começo”? rsrsrs
A Expressão “Châteauneuf du Pape” é francesa, e significa “O castelo novo do Papa”, ou “Novo forte do Papa” e sua origem está relacionada à chegada dos Papas à cidade de Avignon, no sul da França no início do século XIV. Entre os anos de 1315 e 1333, o Papa João XXII, o segundo Papa eleito em Avignon, ordenou a construção de um castelo ao norte da cidade a ser utilizado exclusivamente como casa de veraneio dos Papas. O castelo foi construído em uma região estratégica, distante o suficiente da sede do papado, garantindo seu descanso, porém, próxima o suficiente para se manter a comunicação com a sede. Sobre seu terreno rochoso foram plantadas parreiras para produção de vinho de consumo do castelo, e assim começava a história do “vin du Pape” ou “vinho do Papa”. Infelizmente, hoje só sobraram ruínas do castelo, no entanto, o destino dos vinhos ali produzidos foi exatamente o oposto!
A região do Châteauneuf é considerada o coração do Rhone do sul, e possui um terreno fértil e plano nos quais são produzidos vinhos mais “sérios” e bastante alcoólicos (são os vinhos que apresentam maior teor alcoólico mínimo de todos os vinhos franceses – 12,5%). Por ano, são produzidos em torno de 10 milhões de litros desses vinhos bastante suculentos e picantes, cuja colheita das uvas é manual. Em sua maioria (95%) os vinhos são tintos, e geralmente são compostos pela uva Grenache, cujo aumento na proporção lhes agrega uma cor leve, e permite que seu consumo se dê em um ou dois anos após serem engarrafados.
No entanto, os vinhos produzidos na área de Bordeaux Châteaux são mais escuros e profundos, e suportam uma guarda maior (15 a 20 anos) e são elaborados com diferentes (e particulares) coquetéis compostos de 13 variedades de uvas responsáveis pelas diferenças entre os vinhos, sendo alguns mais picantes, outros mais tânicos ou mais suaves. De maneira geral, a “uva clássica” e de maior concentração dos Châteauneuf é a Grenache, que pode ser acompanhada por Mourvèdre e Shyrah, um pouco de Cinsault, Counoise (típica da região), Vaccarèse, Picpoul Noir, Terret Noir, e as brancas Grenache Blanc, clairette, Bourboulenec, Roussanne (mais comum em vinhos da região do Rhône do sul que do Rhône do norte) e a Picardan. (Aff quanto nome! Essa sequencia de variedades eu peguei do livro “Atlas Mundial do Vinho” de Johnson e Robinson).
Em sua maioria são bons vinhos, com uma ampla gama de aromas e sabores, com textura rica, opulenta e suntuosa. Porém, uma das coisas que mais me agrada nesses vinhos (além da experiência de degustá-los em si… rsrsrs) é o fato deles serem um dos de mais fácil harmonização com a gastronomia. Tanto os brancos quanto os tintos são muito flexíveis, e podem ser degustados com aves e peixes de maneira geral! Nas fotos do post, nossa querida colunista Fernanda Flaiban se deliciou com um Châteauneuf du Pape acompanhando um ravióli de lagosta e cream cheese com parmesão. Ela gentilmente me doou as fotos (e claro, me deixou com água na boca!!!)!
Santé!