A polêmica da comida congelada nos restaurantes franceses
Na última semana, uma notícia que circulou bastante por aí foi sobre o escândalo dos restaurantes franceses. Alguns deles (ou melhor, maioria) foram acusados de servirem comida congelada (ou seja, comprada pronta) para turistas e clientes inocentes.
Quando se fala em França, se pensa em comida. É automático. Conhecidos por uma cultura gastronômica antiquíssima e respeitada no cenário mundial, os chefs franceses têm uma reputação a zelar. O país é o único no planeta a ter sua gastronomia classificada como patrimônio da Unesco. Alguns estabelecimentos, entretanto, estão ameaçando essa fama. Ficou chocado? Eu também, quando ouvi.
Na verdade, isso é uma coisa que acontece há algum tempo – em Maio do ano passado, um projeto de lei estava para ser aprovado no Senado. Ele propunha que todos os restaurantes escrevessem ao lado de cada opção do menu se o prato era congelado, feito na hora ou enlatado. Pelo visto, não houve aprovação e agora a confusão veio com peso ainda maior.
Uma reportagem investigativa do canal TMC mostrou imagens de uma câmera escondida num “restaurante”. Há cenas em que um garçom aponta para clientes turistas e diz que “não entendem nada de comida” e, além do mais, “nem vão mais voltar ali”. Tamanho foi o bafafá que o governo voltou a se pronunciar, assim como no ano passado. Mais um projeto de lei está para ser aprovado, desta vez um pouco diferente. A proposta pede a regulamentação do uso da palavra restaurante. Assim, somente estabelecimentos que de fato cozinhem e preparem refeições no local podem se auto-afirmar como tais.
Segundo o Dicionário Aurélio, restaurante é um lugar público onde se preparam e servem comidas. Ou seja, a definição não está nada condizente com a situação de quase um terço (!) dos estabelecimentos franceses, que apenas esquentam comida in-dus-tri-a-li-za-da em fornos ou microondas (!!!). Olha, a partir do momento em que eu pego um avião e vou à Europa visitar uma das cidades mais famosas no mundo, o mínimo que vou querer é que minha comida seja preparada no lugar em que escolhi fazer minhas refeições. E, assim como eu, milhares de outros turistas com certeza desejam a mesma coisa.
No último Ploc, o vlog da Dani, ela falou sobre esse escândalo e, se você viu (se ainda não, clique aqui), lembra que ela comentou sobre Alain Ducasse, o presidente do Colégio Culinário da França. Ele lançou em Abril o selo de “receita da casa”, que diferencia um restaurante de qualidade, ou seja, um estabelecimento que age com respeito ao cliente e informa sobre a origem dos pratos do local. Segundo ele, é preciso ter um chef na cozinha e não alguém que esquente um saco de comida congelada. Totalmente apoiado. Se o projeto de lei for aprovado, a consequência será uma França com restaurantes de verdade e, logo, mais caros. Prefiro ir à Europa, pagar um pouquinho mais e comer comida boa. E você?