Kurfürstendamm, Jules Verne e Helmut Newton
Hoje o destino era Kurfürstendamm e Charlottenburg, e o passeio iria ser extenso, pois as avenidas são longas e haja perna para aguentar os trajetos com a bicicleta. Então, comecei com um reforçado, mas tardio café da manhã no Jules Verne, na Schlüterstrasse 61. O lugar é uma gracinha e a atendente é super agilizada e feliz ( do jeito que eu gosto para começar meu dia), mas isso não é o melhor da festa, pois lá você precisa esperar um pouquinho para que seu croissant seja entregue, isso porque ele é feito e assado na hora. Ainda vem servido com geléia, mel, manteiga e frutas no prato. O Paulo pediu o iogurte batido com açúcar e canela, que também foi um dos melhores iogurtes que eu já experimentei na minha vida, com acidez zero. Estava delicioso.
Mais do que satisfeita parti para o meu primeiro destino: passar pela praça Savignyplatz, pegar à direita na Grolmanstrasse e à direta de novo na Kurfürstendamm e ir olhando todas as lojas que tem por lá e também fazer umas comprinhas. É uma rua gigante que tem de tudo, desde Chanel e Botega Veneta até lojas de departamento e mini galerias. Continuei descendo a rua e entrei a esquerda na Konstanzerstrasse e aí dá-lhe perna para chegar até a fábrica e loja do Chocolatier Erick Hamann na Brandenburgische Strasse 17. O lugar é deserto e sinistro, a fachada bem como o chocolate, a loja, o design Bauhaus e tudo o que se refere ao senhor Erick Hamann permanece intacto desde 1928. Você encontra desde pralines, até amêndoas e frutas secas envoltas em chocolate, mas aqui é o lugar certo para se comprar a verdadeira barra de chocolate, não estou falando daquela barra de chocolate ao leite, mas sim a verdadeira barra de chocolate amargo! Esse é o ponto alto por aqui e o que vale a pena. Se você não quiser andar tanto quanto eu para ir até a loja original do senhor Hamann, você pode encontrar as barras dele em outras lojas de chocolate por Berlin.
Continuei meu passeio de bicicleta passando pela Olivaer Platz e pegando a Lietzenburger Strasse em diretação à Wittenbergplatz, onde fui conhecer a giganteca, enorme e monumental loja de departamento KaDeWe. Acho que essa é uma das maiores lojas de departamento do mundo junto com a Galeries Lafayette em Paris e a Harrods em Londres, mas o que realmente impressiona aqui é o sexto andar com uma área gourmet GIGANTESCA. Se você tiver tempo sobrando se perca por esse supermercado enorme e descubra sabores de quase todo o mundo. Eu fiquei simplesmente louca aqui dentro, quase passei mal uhahauhuhauha ;D
Depois dessa experiência gastronômica tive que tomar um ar. Fui pela Tauentzienstrasse em direção a Igreja Kaiser Wilhelm Gedachtnis, que vale a pena entrar e ficar em silêncio por um tempo dentro desse templo octagonal todo construído com vitrais azul royal. Uma paz de espirito te envolve imediatamente. Não sei por quê, mas essa igreja me lembrou muito a igreja que eu fui batizada em Brasília.
Saindo de lá vi uma banquinha enorme de frutas secas e cristalizadas, que vale uma parada ou pelo menos uma fotom e fui para o Museu da fotografia onde pude observar e admirar fotos incríveis do trabalho de Helmut Newton em tamanhos privelegiados, aos quais eu não estava acostumada, visto que sempre via suas fotos em revistas de moda ou livros. O Museu de fotografia fica na frente do zoológico de Berlin, para quem vai viajar com crianças, pode ser um passeio duplo bem interessante.
Quase terminando o dia, dei uma passada na Manufactum, na Hardenbergstrasse 4-5, uma loja completamente esquisofrênica mas que fez todo o sentido para mim. Lá você encontra desde objetos de papelaria, bulbos de flores, travessas e talheres, instrumentos para jardinagem, mala, roupa, sapato, mas tudo em linhas retas e funcionais, como todo objeto que se preze verdadeiramente alemão deveria ser! Ao lado tem a Brot & Butter, com queijos, pães, embutidos e um café para você tomar por lá depois das compras ou levar para casa.
Quase sem saber se iria dar tempo, fui correndo até o Story of Berlin na Kurfürstendamm 207-208. O lugar é um museu sobre a história de Berlin. Vou ser sincera que este é o museu mais esquisito que eu já visitei na minha vida. Começa que ele fica dentro de uma galeria comercial onde você tem que seguir alguns adesivos de calçados pelo chão da galeria para chegar até o museu. Quando você chega lá a situação piora e o lugar que já era estranho fica pior, com um carro antigo bem fake na entrada e uma decoração que beira o duvidoso. No entanto, tinha ido lá por um propósito específico, que era conhecer um verdadeiro bunker e faltava apenas 5 minutos para que o próximo grupo saísse com a guia. Então esperei por ela e fomos todos guiados para fora do prédio, onde descemos por uma entrada lateral até chegarmos em uma escada que daria para o bunker. Quando chegamos lá, ela explicou que o bunker foi construído na época da Guerra Fria para acalmar a população que estava com medo de um ataque atômico. Foram construídos 16 bunkers pela Berlin Ocidental, cada um desses bunkers comportaria aproximadamente 2500 pessoas, o que na época não significava nem 1% da população (imagina hoje). Lá dentro é algo assustador, primeiro porque as pessoas teriam que passar por um corredor trancado (em grupos de 30 pessoas por vez) que só seria aberto para o lado interior depois que a porta exterior fosse trancada e elas tivessem se despido e tomado banho dentro desse mesmo corredor, para evitar que partículas atômicas entrassem dentro do bunker. Lá dentro, essas pessoas teriam um estoque mínimo de água e comida por 14 dias, depois disso, aconteça o que acontecesse elas teriam que voltar para a superfície e continuar suas vidas. Na época, elas ainda não sabiam que as partículas atômicas de um ataque núclear poderia durar por muuuuuito mais tempo no ar do que apenas duas semanas e afetar a saúde de todos. Ao final, ouvimos uma simulação radiofônica da época da guerra fria de como seriam os bombardeios. É assustador, mas felizmente nenhum bunker teve que ser usado.
Voltei para casa e fui jantar em um restaurante alemão com influências internacionais, muito recomendado, principalmente por mudar sua carta todos os dias e só trabalhar com produtos frescos, o Frau Mittenmang na Rodenbergstrasse 37. O restaurante tem um ambiente muito agradável e convidativo, com velas e luz baixa. De entrada pedi uma brusqueta com queijo feta, gotas de limão e pimenta rosa e o Paulo pediu uma sopa alemã tradicional de carne, temperada com noz-moscada, canela e cravo. As duas entradas estavam impecáveis, bem como os pratos principais, que no caso foram: carret de cordeiro com legumes e cuscuzm e para o Paulo ragú cozido no vinho e especiarias servido com repolho e inhoque. Só não vou poder falar bem das sobremesas. Para variar, pedi uma panna cotta feita com alecrim e coberta com compota de maçã, que para mim estava muito dura e gelatinosa, além de um gosto forte de creme. Já o Paulo pediu um crumble de ameixa, que parecia estar muito gostoso, mas veio com a massa sem assar por completo. Então, fica a dica, peça a entrada e o prato principal e deixe um espaço para um drink, uma baladinha no final da noite ou uma sobremesa em outro lugar.