A História dos Doces Conventuais
Uma das tradições mais incríveis de Portugal é, sem dúvidas, a da doçaria conventual. Os ingredientes base dessa confeitaria são gemas, amêndoas, açúcar e farinha. Combinados de diferentes maneiras e em variadas proporções, cada um desses produtos dá formas a doces variados. Todos deliciosos e recheados de história!
Antes da confeitaria conventual, os doces não levavam açúcar porque Portugal ainda não importava açúcar do Brasil. Além disso, a influência árabe trouxe para as sobremesas o mel e amêndoas. Os conventos, que são o ponto de origem para boa parte dos doces portugueses, não utilizavam muito as gemas, sendo que as claras eram as mais aproveitadas, tanto para fazer hóstias como também outros doces.
Ah, as claras também eram muito usadas como purificador na produção de vinho branco e também para engomar as roupas. Por esses motivos, eles acabavam não sendo tão untuosos como conhecemos hoje, sabe? As massas e os recheios eram mais secos, mesmo usando a banha de porco para dar uma liga maior e um brilho quando a sobremesa assasse.
Com o passar do tempo, o açúcar passou a ser mais comercializado pelo mundo. A consequência disso? As mulheres e freiras que ficavam nos conventos começaram a incorporar ele nos doces. Com esse novo ingrediente, as sobremesas foram se diversificando cada vez mais, enquanto outras eram aprimoradas, criando a tradição dos doces convetuais.
A banha de porco continua sendo usada até hoje na preparação de boa parte desses doces, assim como as gemas, o açúcar e as amêndoas. As receitas da maioria dessas sobremesas são segredos familiares e são passadas oralmente de geração em geração.
Confesso que acho uma pena elas não estarem escritas, já que histórias orais tendem a chegar ao fim quando tradições não seguem uma continuidade. Ainda assim, é apaixonante saber o quanto essas pessoas se importam com os doces, as receitas e toda a história por trás disso!
Os conventos e mosteiros vendiam os doces para tentar melhorar a difícil situação financeira pela qual eles estavam passando. Por isso, a confeitaria conventual foi se espalhando por todo o país e sendo repassada para famílias que ajudavam esses lugares no preparo dessas sobremesas.
Como estávamos em Vila Real, fomos conhecer a Casa Lapão, que é a confeitaria mais tradicional da região, com doces que seguem receitas de antigas gerações. A Dona Rosa, responsável pela produção dessa confeitaria, usa somente ingredientes locais ou da região. Outro diferencial é que todos esses produtos não são de origem industrial. Vale muito a pena fazer uma viagem por essa parte de Portugal 😉
Boa parte dos doces conventuais variam de acordo com cada região do país. Em Vila Real, por exemplo, o doce mais típico de lá são as cristas de galo. Outro doce super regional são os travesseiros de sintra, adorados tanto pelos portugueses como também por todos os turistas que passam por Sintra.
Charutos de Ovos e Meias Luas são outras delícias portuguesas que merecem destaque e seguem esse mesmo estilo de receita, com as gemas, açúcar e amêndoas nunca deixando de fazer parte da mistura que forma a sobremesa.
Ah, e o famoso pastel de nata, também conhecidos como pastel de belém? Eles também são doces conventuais. Criados pelo Mosteiro dos Jerónimos, eram uma forma de ganhar dinheiro para manter o local. A produção dos pastéis de belém começou em 1837 e a receita é a mesma até os dias de hoje.
E aí, ficaram com vontade de provar essas maravilhas portuguesas?