Chardonnay – A rainha das uvas brancas
Originária da Borgonha, na França, a uva Chardonnay é considerada a “Rainha das uvas brancas” por ser bastante versátil, uma vez que pode ser cultivada e amadurecida sem muitas dificuldades por quase todo o mundo. Por não apresentar sabor forte, e uma personalidade muito marcante, responde bem à fermentação e ao envelhecimento em carvalho (diferente das aromáticas), assumindo assim facilmente a personalidade desejada pelo vinicultor e/ou enólogo. Dependendo de como é tratada, pode gerar vinhos simples para consumo diário, até vinhos de guarda longa e bastante complexos, cujas características organolépticas (aquelas que são percebidas pelos 5 sentidos – cor, aroma, paladar…) são extremamente variáveis, podendo ser leves ou untuosos, com paladares florais ou frutados.
Dentre todos os chardonnays, o de maior destaque, cujo estilo não conseguiu ser reproduzido em qualquer outro local, é o Chablis, elaborado em sua região de origem, a Borgonha. As características específicas desse vinho muito provavelmente estão associadas ao terroir da região, e exatamente por sua personalidade tão específica, os Chablis são bastante apreciados e um pouco mais caros. De maneira geral, não passam por carvalho, e são bastante frescos, e sua marca são as notas minerais que apresentam devido ao solo bastante rico em calcário em que são plantadas. Aqui vale um destaque para os Grand Crus Chablis (voltados para o sul e o oeste da região), cujos vinhos produzidos têm os sabores mais ricos, e são envelhecidos por pelo menos 10 anos, enquanto que os mais simples podem ser guardados por no máximo 5 anos. Os chardonnays elaborados na região mais ao norte da Borgonha são mais simples, e costumam ser denominados “Borgonhas brancos”.
Outro vinho super famoso composto de uvas chardonnays é o Champagne (lembrando que essa denominação só pode ser dada aos espumantes feitos na região de Champagne na França). A única uva branca permitida na composição desses vinhos é a chardonnay, que pode ser acompanhada das tintas Pinot noir e/ou Pinot Meunier, ou quando 100% chardonnay, são chamados Blanc de Blancs.
Na Itália, os vinhos elaborados com essa uva são elegantes, frescos, aromáticos e com acidez equilibrada. Já os vinhos do Chile (um dos meus favoritos) são ricos em aromas frutados e amadeirados, muitas vezes remetendo ao maracujá, maçã verde e ao abacaxi, com destaque para os da região do Vale do Leyda e Casablanca. Já os chardonnays argentinos, principalmente os de regiões de maior altitude, são surpreendentemente finos, com notas bastante amadeiradas! Outros chardonnays que vêm chamando a atenção são os exóticos Australianos devido ao seu frescor e complexidade estrutural. Na Nova Zelândia, um país com talento para cepas brancas, a chardonnay vem ganhando mais e mais espaço a cada dia principalmente nas plantações da região de Hawke’s Bay, que traz vinhos potentes e intensos!
E no Brasil? Bom, esse é um assunto bem delicado! Os nossos produtores ainda não encontraram o terroir perfeito para essa cepa aqui no Brasil, principalmente devido ao clima quente daqui… Não que não existam bons varietais, no entanto, em sua maioria, as uvas chardonnays aqui plantadas são destinadas (e muito bem destinadas, diga-se de passagem) para os nossos espumantes!
Apesar das dicas que dei aqui, tentem se lembrar de não generalizar… Você pode um dia ter provado um vinho chardonnay que não lhe agradou (ou agradou muito), tente entender o porquê disso… De que região era esse vinho? Mais alta? Mais fria? De algum país tropical? Ele era envelhecido? Era orgânico? Se você não prestar atenção nessas características, pode ser que numa próxima vez compre outro chardonnay proveniente da mesma região, ou que tenha características similares, e novamente não o aprecie… Lembre-se que um vinho sofre influência de diversos fatores que irão alterar seu aroma, paladar, acidez, cor, mineralidade… Então, corre chamar seus amigos para uma degustação de diferentes chardonnays, e ai sim poderão ter uma (pequena) opinião formada (formando) sobre a uva!!!
Harmonizações:
- Saladas
- Massas com molhos brancos ou a base de queijo
- Massas recheadas de queijos e ervas
- Queijos cremosos ou meia cura
- Queijos maturados acentuados (Port-Salut e até mesmo os azuis, Gorgonzola, Roquefort)
- Frutos do mar
- Peixes com molhos a base de manteiga ou maracujá
- Carne de porco
- Frango
- Pato e aves de caça
Santé!