Anna Pavlova: inspiração para a vida, a arte e os looks
Não precisa entender de ballet para já ter ouvido falar em Anna Pavlova, não é? Em algum momento da vida é possível que o nome dela já tenha soado perto de você. E isso é graças ao sucesso que foi a carreira da bailarina e pelas várias vezes que esteve no Brasil. Anna Matveievna Pavlova nasceu na Rússia em 1881, perdeu o pai logo cedo e foi criada somente pela mãe. E é inegável que sua história nos inspire. Sua arte, expressiva, verdadeira e com muita personalidade dá aquele fôlego que nos falta quando precisamos de um empurrãozinho.
É bastante improvável que ela tenha imaginado que hoje serviria com ponto de partida para um texto sobre moda, tão pouco que daria nome a uma peça de roupa – na Auranuda, que é feita de tule e chamada de “Anna” (clique aqui para saber mais). Mas, o que acontece é que Anna (a bailarina) fez sucesso em uma época em que suas companheiras de trabalho ainda “se mostravam” pouco em cena. Ela, por sua vez, além da técnica perfeita, trazia muito de si, expressando e saindo do lugar discreto que tinham as performances.
Mas, não somente Pavlova serve como inspiração. O ballet, por inteiro, tem em sua trajetória várias roupas, tecidos e estilos que compuseram um tanto de coleções para grandes marcas. E é um pouco disso que esse texto vai falar: sobre como Pavlova pode nos inspirar na vida e quais as tendências que o ballet trouxe e compõem os looks do nosso dia a dia.
HISTÓRIA
Já pincelamos um pouco da história dela no início do texto, mas vamos lá! Tem algumas coisinhas importantes e que podem fazer muito sentido pra gente. Sua vida foi breve e partiu com apenas 49 anos, no auge de sua notoriedade. Antes disso, aos 8 anos sua mãe a levou para assistir “A Bela Adormecida” e foi aí que seu sonho começou. Mas, logo foi rejeitada por sua altura e idade. Um pouco depois, com 10 anos, foi aceita em uma escola e com 18 passou a integrar o Balé Imperial Russo.
Sete anos depois já se tornou o que era chamado de “Prima Ballerina” (um “cargo” elevado na área), levando “A Morte do Cisne”, uma das suas principais apresentações para pelo menos 4 mil cidades ao redor do mundo. E esse era um dos pontos fortes de Pavlova, levar sua arte para muitos lugares. E foi assim que chegou ao nosso país. Em 1918 se apresentou no Teatro da Paz (em Belém do Para) e no ano seguinte no Teatro Municipal de São Paulo e do Rio de Janeiro.
UMA INSPIRAÇÃO
Anna Pavlova estava longe de ser “uma simples bailarina”. Ela fazia sim a prática do ballet na sua origem, “como deveria ser”, mas ia além: entregava seu corpo, cabeça, pés e espírito para a arte. Isso mostrava toda sua expressividade e abundância para quem assistisse à época. Ainda hoje, mesmo que a experiência seja outra, assistir um vídeo de dança dela nos remete a essas sensações – clique aqui.
Mas, o que tudo isso pode nos dizer? Uma das grandes potências da arte é nos dar fôlego (ou tirar ele) para que possamos criar em diversas situações. Alguém como Anna, que fazia do seu corpo como mensagem serviu como referência para muita gente, e claro, nos inspira como essa imagem de alguém que transformou suas ideias em movimento. E puxando para o foco desse texto (as roupas), é muito sobre isso que os tecidos, cortes e detalhes da “moda do ballet” trazem. Vejamos:
TULE
O tule, aquele tecido bem transparente, também chamado de tutu, surgiu na França na cidade chamada Tulle! O uso era dedicado à babados, forro de saias e detalhes. Mas, pela leveza e caimento ondulado foi usado mais tarde para compor figurinos do balé, lá por 1832 (muito antes de Pavlova nascer ?). Hoje, depois de tanta história para contar, o uso não se restringe a babados forros ou somente ao balé. Blusas com esse misto de volume e transparência ficam simplesmente maravilhosas:
Ainda, peças únicas como vestidos e que teoricamente cobririam todo o corpo, vem apenas com uma camada de tule com uma transparência fluida do tecido. É uma proposta com muita personalidade e também sensual, não é?
Mas, tem quem prefira usar “como ele veio ao mundo”, em uma saia volumosa. E dá super certo. Mas, não precisa mais colocar o tecido por cima. O tule à mostra, com muito volume cria esse ar romântico e ousado ao mesmo tempo. É um “quase nú”, sabe?
BABADOS
Junto ao tule, os babados também foram muito bem incorporados no balé. Também pela proposta de movimento que os detalhes trazem. Geralmente vem com muito volume e ondulações. Ficam ótimos quando propostos em saias ou vestidos, por exemplo:
Mas, também ganham espaço quando colocados em peças menores, em blusas com ombro à mostra. Que tal?
E também ficam ótimos quando deixados para os detalhes. Não pesam muito na composição e dão um charme a mais.
“ROUPAS DE BAIXO”
E se reparar, podemos também fazer uma alusão ao que foram “as roupas de baixo” do balé. As saias de tule já representam essa ideia. Mas, muitas bailarinas usavam esse seio marcado que remetem às lingeries:
Ou ainda, o body, que serviu para dar elasticidade ao movimento e que hoje são usadas em praticamente todas as ocasiões ?. Quem não ama um? É super confortável!
CORES
O ballet também trouxe propostas em relação às tonalidades, além do branco, vezes para dar um ar mais romântico, em tons rosés ou outros até alguns terrosos.
Ou, muitas vezes a proposta gótica, misteriosa e dark que muitos espetáculos de ballet traziam. O preto sempre esteve muito presente, inclusive para desmistificar aquela áurea de paz e tranquilidade do ballet. Quem aqui lembrou de Cisne Negro?
***
Por fim, Pavlova é uma mulher que nos lembra o quanto podemos colocar em movimento nossas ideias, dores e amores. Anna Pavlova, assim como outras bailarinas, é uma inspiração e trouxe para o ballet e a moda muito de si – é sempre um bom caminho se colocar em cena, não?