Filme: Soul Kitchen
A cena é a seguinte: num galpão enorme, com chão de madeira antiga e janelas de vidro que ocupam grande parte de uma das paredes, cerca de quinze mesas e cadeiras – também de madeira, assim como o chão – estão postas com louças remendadas e desparceradas. Há também um bar ao fundo e na cozinha, ao lado, um homem de aparência desleixada cuida dos pedidos que chegam do balcão. Ele joga uns pedaços de peixe congelado numa fritadeira automática que mal funciona e depois abre um saco de batatas que serão fritas no mesmo óleo do peixe. O prato é finalizado com uma colherada de purê e o “chef” não demora em limpar as bordas com o próprio avental. A garçonete chega, pega o prato e vai em direção ao cliente. Este é Soul Kitchen, um restaurante de subúrbio comandado pelo grego Zinos Katzanzakis (Adam Bousdoukos).
Zinos é um cara desastrado, faz tudo no esquema “é o que deu pra fazer com isso” e vive estressado. Ele cuida sozinho do Soul Kitchen mesmo não sabendo cozinhar, até que conhece o chef Shayn Weiss (Birol Ünel), que acabara de ser demitido – ele se negou a esquentar o gaspacho de um cliente, que é para ser servido frio, e fincou uma faca na mesa do restaurante. Ao dar uma olhada no menu do Soul Kitchen, Shayn quase cai para trás. Ele se recusa a preparar as almôndegas e pizzas e batatas fritas que os clientes pedem, mas propõe criar um menu exclusivo e delicioso para o restaurante. Comida para a alma.
O problema é que ninguém quer nem experimentar o novo cardápio, e Zinos terá que descobrir um jeito de trazer público ao Soul Kitchen. Tudo isso enquanto sofre de saudades da namorada (que foi para a China trabalhar), ajuda ao irmão (que acabou de sair da cadeia), tenta amenizar a dor insuportável nas costas (que ganhou por conta de uma hérnia) e, claro, aprende a cozinhar! Moleza.
Para entender melhor
Fatih Akin, diretor alemão com descendência turca, é amigo de longa data (desde os anos de escola, mais especificamente) do ator Adam Bousdoukos e da escritora Jasmin Ramadan, ele, grego e ela, meio-egípcia. Bousdoukos tem um restaurante no bairro de Ottensen, em Hamburgo, e, num dia de decepções do coração, os amigos conversam, entre garfadas de espinafre com molho de queijo e outros pratos gregos.
O bate papo, que sempre chega a um brainstorming quando você tem três amigos do meio artístico, se estende e Akin resolve começar um roteiro em que o amigo grego é personagem principal. Bousdoukos acabara de terminar com a namorada e esse foi o ponto de partida para o diretor.
Como já estavam no restaurante, a história foi acontecendo. Bom, resultado: enquanto a filmagem de Soul Kitchen rolava, a amiga Jasmin Ramadan foi escolhida para escrever a história de Zinos Katzanzakis na Grécia, antes de ir para a Alemanha. O nome do livro (é o romance de estreia da escritora) é “A Cozinha da Alma” – ainda não li, mas se você já, não se acanhe em comentar sobre aqui embaixo! – e é considerado “a peça que falta ao quebra-cabeças” pelo diretor Fatih Akin. Ou seja, as duas obras andam em conjunto.
Ficha Técnica:
Soul Kitchen
De Fatih Akin
com Adam Bousdoukous, Moritz Bleubtrel, Biro Ünel
2009 – Comédia – 1h39
*Prêmio Especial do Júri pelo filme no Festival de Veneza, em setembro de 2009.
Receita
MOUSSE DE CHOCOLATE BRANCO
No filme, o chef Shayn ensina Zinos a preparar uma mousse de chocolate branco afrodisíaca, feita com um ingrediente bem peculiar: a casca de uma árvore de Honduras. Bem, como a gente não está em Honduras e acho que seria um pouco difícil conseguir a tal casca… Optei por fazer a receita simples, apenas com baunilha. Você pode salpicar um pouco de canela por cima ou mesmo acrescentá-la na mousse (uma pitadinha só!), mas de qualquer jeito vai ficar uma delícia.
Ingredientes
- 200g de CHOCOLATE BRANCO
- 100g de CREME DE LEITE
- 200g de NATA
- 1 colher de sopa de EXTRATO DE BAUNILHA (ou as raspas de meia fava)
- 3 CLARAS
- 3 colheres de sopa de AÇÚCAR
Modo de preparo
Derreta o chocolate e misture com o creme de leite. Reserve. Pegue a nata bem gelada e bata com um fouet até o ponto de chantilly (não fica exatamente igual; em dois minutos você já vê a diferença – não bata demais!). Acrescente o extrato de baunilha e o açúcar à nata, misture mais um pouco e combine com o chocolate branco, aos poucos. Por último, incorpore delicadamente as claras batidas em neve e sirva em tacinhas. Leve à geladeira por, no mínimo, 3 horas.