Degustação de Cervejas – Curitiba
Antes de entrar na faculdade, eu odiava cerveja. Aí aconteceu aquilo que todo mundo fala quando ouve alguém dizer isso. “Ah, mas quando você entrar na faculdade, vai começar a gostar. Espere pra ver”. Bom, sei lá o que aconteceu, mas foi isso: passei a tomar e, de gole em gole, a gelada me conquistou. O problema é que eu não fazia muita questão da diferença entre as marcas, só sabia que a Heineken era mais amarga, a Skol descia redondo, a Bud era uma das rainhas das cervejas e tinha umas que eu não podia nem dizer o nome, porque pareciam água.
Se eu nem imaginava o que significava pilsen, lager e ale, quem diria saber apreciar uma boa cerveja artesanal. Tá bom, confesso que não sabia disso até semana passada, quando fui a uma degustação combinada com uma rápida palestra – mas muito interessante – sobre harmonização de cervejas. A gente está habituado a associar isso com vinhos, embora este último campo esteja se acostumando a dividir espaço com as bebidas de colarinho. De uns anos pra cá, o mundo das cervejas abriu as portas e entrou, como quem não quer nada, no mundo da gastronomia.
Em Curitiba, a Gaudenbier começou a produzir cervejas artesanais num bairro italiano e super tradicional – Santa Felicidade –, mas o sucesso foi tão grande que hoje eles nem se consideram produtores de cerveja artesanal, já que distribuem para grandes mercados da cidade. Mesmo assim, a linha de produção se mantém na categoria de microempresa, com 38 mil litros por mês. A palestra foi feita pelo sommelier da Gaudenbier, Allan Cunha, e a harmonização ficou por conta do chef Edson de Moraes, da panificadora Saint Germain Ecoville, local em que o evento foi realizado. Só por ser na Saint Germain dava para imaginar o sucesso que o evento seria, porque esse lugar é simplesmente divino.
Bom, à degustação! Para começar, harmonização é quando dois elementos juntos funcionam melhor do que quando separados, segundo o Allan Cunha. Portanto, é importante experimentar primeiro a cerveja, depois o alimento e, por último, os dois juntos. Tudo isso para perceber que ambos vão funcionar como um só. E daí você vai sentir aquela explosão de sensações, como o ratinho fofo do Ratatouille, sabe? Ele deu uma dica de livro para quem quer aprender mais sobre o sabor de cada ingrediente: The Flavour Bible. Anota aí!
Começamos com a Lager Natutrübe (4,7% de álcool), ideal para quem está acostumado com as cervejas industriais (tipo eu hehe). Ela não é filtrada, por isso tem um aspecto turvo e cor palha. É bem leve e saborosa, principalmente quando harmonizada com a melhor quiche de camarão que eu já comi.
A segunda foi a Heffe-Weiss (4,2%), uma cerveja de trigo mais encorpada e aromática. O sommelier nos disse para sentirmos o aroma da bebida e tentar reconhecer os que vinham por primeiro. Fiquei bem surpresa quando senti cheiro de cravo na minha cerveja. E foi… bem gostoso. Quando juntei a mozzarela de búfala com tomate e molho pesto (o famoso e sempre delicioso caprese), tudo pareceu estar bem certo na vida. Logo eu, que torcia o nariz só de ouvir falar em cerveja de trigo. É, as coisas mudam.
Bom, as duas últimas harmonizações viraram só degustação para mim, porque não comi nem o salame e nem o carpaccio de pé de porco. Mesmo assim, as cervejas estavam saborosas – e fortes. A Pale Ale tipo Belga (4,7%) era mais amarga por conta do lúpulo Styrian Golding, e tinha uma coloração acobreada. A última foi a Bock e, para fechar com chave de ouro era a mais forte do time, com 6,4% de teor alcoólico. A essa altura não preciso nem comentar que a alegria estava no ponto alto da noite e as bochechas um tanto coradas. De acordo com o sommelier, a Bock é mais indicada para o inverno, por causa do sabor mais denso e marcante no fundo da língua. O aroma de toffee e baunilha é bem pronunciado, mas não vou mentir: eu já nem distinguia muito bem essa parte. O que ficou mais marcado foi que essa cerveja é amarga demais pro meu gosto.
Aprendi muita coisa que nem vou conseguir expressar aqui, mas fica aí um pouquinho da minha experiência. Espero que se você, como eu, não sabia nada sobre o assunto, tenha aprendido algumas curiosidades! Pelo menos saí de lá sabendo que as Ales são cervejas de alta fermentação, e por isso dá pra sentir mais o amargor, e as Lagers são de baixa fermentação e são melhores para refrescar 😀
Site da Gaudenbier: http://www.gaudenbier.com.br/bier/inicio/idade
Site da Saint Germain: http://www.saintgermain.com.br/curitiba/
As fotos mais bonitas são da fotógrafa Elaine Skowronski.