Cacao Prieto (Beans-to-bar) – Brooklyn
Conhecido atualmente como a meca dos “Sweet Hipsters”, Brooklyn tem ganhado cada vez mais espaço no mercado regional e internacional na produção de chocolates. Depois de falar sobre os Mast Brothers, agora chegou a hora de falar sobre Cacao Prieto, uma das poucas marcas de chocolate que conta com uma cadeia verticalmente integrada desde a plantação do grão até a confecção e venda das barras de chocolate. Detalhe: tudo orgânico.
E foi numa tarde despretenciosamente quente que conheci a Cacao Prieto. Instalada em um Galpão imenso com ar “vintage” na região de Red Hook, a marca foi fundada por Daniel Prieto Preston, um gênio inventor que um dia resolveu estudar a ciência do cacau e decidiu que produziria “bean-to-bar” chocolates usando como matéria-prima o cacau que a família planta na Fazenda Coralina, na República Dominicana.
Entendendo o potencial de mercado para um produto como este e sabendo da qualidade do cacau que ele já possuía em mãos, Daniel reinventou as máquinas utilizadas comercialmente para extrair e separar os subprodutos do cacau e melhor, além de criar a própria marca, ele patenteou as mudanças feitas na tecnologia de produção do chocolate, vendendo também o maquinário hightech para outras empresas do ramo… E ele também é dono de outra empresa chamada Cacao Biotechnologies, dedicada à pesquisa cosmética dos benefícios antioxidantes do cacau, ou seja, o cara é um gênio.
O processo resumidamente é assim: A Cacao Prieto recebe o cacau “single origin”, certificado orgânico diretamente da Fazenda para a Fábrica no Brooklyn – isso quer dizer que os grãos de cacau já fermentados chegam ainda cheios de vivacidade e sem o uso de fumicidas nem pesticidas para conservar os mesmos, o que já faz toda a diferença no sabor.
Uma vez na fábrica, eles são levados ao forno em altas temperaturas para secar e desenvolver os aromas, principalmente os sabores. Em seguida, os grãos são quebrados e a polpa é separada da casca. Essa polpa já tostada dá origem a três produtos distintos: os nibs, o cocoa mass e a manteiga de cacau. Os nibs são comercializados como agentes de crocância cheios de sabor, a manteiga de cacau retorna ao processo mais tarde, durante a confecção da barra e é do cocoa mass que se origina o chocolate em pó e com a adição de outros ingredientes se fabricam todos os tipos de chocolates com diferentes porcentagens de cacau. Aqui na Cacao Prieto o único tipo produzido é o 72%, pois eles fazem questão de manter a característica antioxidante do cacau em seus produtos. Isso quer dizer que você não encontrará chocolate ao leite nem chocolate branco por aqui. Inclusive, as barras de chocolate são feitas somente com frutas secas e oleaginosas orgânicas… (nada de creme de leite ou ganaches cheios de açúcar e manteiga) atualmente nos sabores: castanha de caju e cranberries, pistache e damasco seco, cerejas e pecan, uva passa e nozes e amêndoas com sal.
A Fábrica oferece um Tour de chocolate e a guia explica todo este processo que falei logo acima. A visita começa com a explicação de como a ideia surgiu, enquanto você vê fotos da Fazenda, da plantação e tem a possibilidade de pegar o grão do cacau na mão, sentir o cheiro, experimentar os nibs. Depois ela mostra o caminho das sacas de cacau até o produto final, que são as barras… e vocês não têm ideia do cheiro vibrante, inebriante, alucinante do chocolate neste espaço. No final, já de volta à lojinha, ela termina contando a história por trás dos desenhos de cada embalagem, de cada sabor de barra: todos os desenhos contam histórias da família de Daniel Preston, de seus avós, dos gostos da avó, da paquera entre eles… Saí de lá com a sensação de que havia acabado de conhecer a família de um novo amigo…rs.
Delícia de lugar. Delícia de vibe. Delícia de produto. Se você é apaixonado por chocolate vale muito à pena. Não tem como comparar este chocolate com nenhum outro disponível no mercado.
Outra sacada fantástica que eles tiveram foi a de produzir rum com cacau. Isso mesmo. Pois durante a produção do cocoa mass, acontece a fermentação do chocolate, liberando álcool como subproduto. Eu pelo menos só havia provado rum originado da fermentação da cana de açúcar até hoje. Deste rum eles confeccionam o licor de chocolate e de café – SENSACIONAL! Não falei antes, mas anexo à fábrica tem o Widow Jane, uma destilaria de whiskey de primeira, produzido “in site” do começo ao fim.
Posso dizer que a minha visita a esta meca do chocolate foi inesquecível! Já estou aqui comigo planejando quando voltarei para fazer tudo de novo… Terminei a tarde passeando pelos arredores do bairro, de onde pude ver a Estátua da Liberdade ao longe, num pôr-do-sol cor-de-rosa e com o gosto vivo do chocolate na boca e na memória.
Perfect.
Se quiser mais informações a respeito, tome nota do website www.cacaoprieto.com