Gotham bar and Grill – NY
Eu tenho um caso de amor com o Gotham. Quando morei em Miami, logo depois de terminar o curso de Patisserie, foi no Gotham (de lá) que consegui meu primeiro emprego. Foi lá que aprendi o funcionamento frenético de um Restaurante de “Fine Dinning”, onde o serviço é impecável, pontual e os ingredientes dos pratos são de alta qualidade. Claro que reflete no preço mas vale muito à pena a experiência.
Quando comecei a trabalhar no Gotham, não sabia a história do restaurante e, aos poucos, com a convivência e ganhando a experiência do dia a dia na cozinha, fui aprendendo que o Gotham original ficava em Manhattan, NY, e era considerado um dos melhores restaurantes de lá. Como poucos, estava no mercado há mais de 20 anos e tinha ganhado muitas premiações importantes, inclusive 1 estrela no inigualável Guia Michelin.
Claro que desde aquele momento a minha vontade de conhecer o Gotham de NY só aumentava. E eis que um belo dia, maridão teve que voltar pra NY e eu, mais uma vez, fui levada na bagagem…rs. Mas ainda assim demoramos para ter uma oportunidade de ir ao Gotham e, finalmente, no mês passado, fomos!
A reserva foi feita para as 18h30 e ficamos sentados à mesa conversando, bebendo e dando risada até as 21h30. Três horas de um jantar deliciosamente glutônico. Gotham completa, este ano, 30 anos de puro sucesso. O que começou como uma brasserie parisiense em plena NY, se transformou em um dos restaurantes mais tradicionais e consistentes da cidade. E tudo devido à criatividade e talento do Chef Alfred Portale, que saiu da escola de culinária diretamente para a cozinha do Gotham, virando sinônimo do mesmo (e eu fico feliz da vida em ter cruzado com ele muitas e muitas vezes na cozinha do Gotham de Miami…”tietagem mega”)
Nesta noite mágica, em específico, fomos com um casal de amigos e às 18h30 de plena quinta-feira a casa estava lotada – por isso, como em qualquer outro restaurante top daqui, é preciso fazer reserva… mas para aqueles que não querem gastar muito, eles oferecem um menu bemmmmm interessante, composto de entrada, prato principal e sobremesa, chamado de “greenmarket lunch prix fixe” , por US$ 34.00 mais a tip e tax , no almoço de seg a sex, das 12h às 14h15.
Enfim, agora está na hora de contar a indulgência que foi nosso jantar. Começando pelas entradas, ao olhar o cardápio a vontade era de experimentar todos os itens e já que estávamos em quatro, pedimos cinco. O camarão gelado ao molho coquetel estava perfeitamente cozido, muito saboroso, pra lá de fresco. A segunda pedida de ‘mar’ foi o tuna tartar – servido como uma pequena escultura, uma pecinha de arte crocante pelas torradas em azeite de oliva, atum milimetricamente cortado em cubinhos e perfeitamente temperado com molho de missô e gengibre, acompanhado de fatias finíssimas de pepino japonês. As saladas foram duas, a mais tradicional foi mix de verdes, com burrata e confit de tomates ao pesto, simplesmente a cara do verão…e a segunda, minha predileta, era de beterraba roxa e dourada assadas, acompanhada de queijo de cabra cremoso, vinagrette de erva doce em conserva, tangerinas e avelãs torradas – traduzindo, se morresse depois dessa salada, ia para o céu (ou talvez ao inferno) feliz. O último dos cinco, foi o ‘crisp sweet bread‘, um croquete frito com recheio de pedaços suculentos de bacon defumado, servido com couve de bruxelas, abóbora e nabo assados com purê de maçã e mostarda. nossa!! Eu disse que era uma mesa para glutões…rs
De prato principal, eu fui aquela que caminhou na contramão pois todos pediram cordeiro e eu pedi peixe. Não que não goste do cordeiro, mas esse peixe tem história: era sempre a minha escolha nas noites em que eu tinha que trabalhar no Gotham de Miami – e quer saber? O de lá era exatamente o que é o daqui. Mesmo sabor , mesma apresentação. Tudo se resume à uma palavra: consistência – uma posta de Bacalhau fresco marinado no missô, grelhado à perfeição, servido com arroz de sushi quente (grudento, doce e avinagrado), numa cama de cogumelos tipo shimeji com bokchoy, regado à molho de soja com capim limão e gengibre. Uma explosão de sabores com toque asiático. Incrível…
Já o lamb (cordeiro), sem palavras pra descrever a perfeição. Grelhado à gosto do freguês, servido com ciboullettes assadas, purê de batatas, redução e acelga suíça refogada.
Como um jantar destes não podia ficar sem sobremesa, aqui vão as duas escolhidas dentre um cardápio interessantíssimo – pena que o outro casal não quis sobremesa, pois eu adoraria poder experimentar mais opções…rs
Uma delas foi o “Creamsicle Couple” – laranja e tangerina segmentadas, com creme chantilly, base de shortbread, sorvete de baunilha e confit de casca de laranja. Uma delíciaaaaaaaaaaa que ficou ainda mais incrível quando na mesma colherada eu consegui colocar todos os componentes da sobremesa. O frescor da laranja, com a crocância do shortbread e a maciez do sorvete de baunilha são dos deuses. A segunda, uma Vacherin Tropical, era lindamente composta de parfait de baunilha, espuma de maracujá, sorbet de coco, macaroon de coco e papel de manga. Lindaaaaaaa. E realmente , perfeitamente tropical. Enfim, uma experiência inesquecível sem deslizes (a não ser pelo tamanho da conta) mas há momentos na vida em que celebrações acontecem e merecem não menos que a perfeição.
Para mais informações ou reservas, acesse o site www.gothambarandgrill.com e se estiver por aqui, novamente, o menu pré-afixado do almoço é uma excelente pedida =]