The Christ Inn's Bistrot
Já estávamos sentados no Christ Inn’s esperando a nossa entrada, quando chega um casal de estrangeiros. A dona do restaurante vai atendê-los com o cardápio em mãos e pergunta se eles falam francês. O casal faz um não com a cabeça e ela diz – “Pas grave, J’arrive à traduire le menu” (não tem problema, eu já volto para traduzir o menu). Nesse momento, o filho da dona diz “E começa o espetáculo” e todos os outros clientes de longa data da casa caem na gargalhada.
Ela vem até a nossa mesa, serve o vinho até quase a boca de uma tacinha bem pequena e diz: “Acho que coloquei igual para os dois, não precisam brigar pelo vinho” e sai rindo.
Depois de 10 minutos a dona retorna ao casal de estrangeiros e começa a traduzir o cardápio. Em francês mesmo. Sim! Em francês e com onomatopéias incríveis de Quá-Quá para o pato, Nhoic-nhoic o porco, Muuuu para boi e assim por diante. Ainda bem que não tinha cavalo no cardápio. Em seguida, ela traduz os cortes de cada carne mostrando as partes do seu próprio corpo. Todos caem de novo na gargalhada.
O Christ e sua dona abaixo à direita
Nossa entrada chega, uma alcachofra deliciosa, que ela fez questão de explicar que era para ser comida morna. Começamos a comer pelas folhas, tirando uma a uma. A alcachofra estava uma delícia e o molho vinagrete que acompanhava, nem se fala. Quando terminamos as folhas ela aparece na mesa novamente – “Vocês sabem tirar os pistilos?” – pergunta. “Sim, pode deixar que nós sabemos”. “Ahhh bom – diz ela – pois já vi muita gente engasgando com eles por aqui achando que podiam ser comidos”.
Na sequência, uma senhora francesa reclama que a faca não está boa para cortar a carne. A dona, da maneira mais engraçada possível, diz que na verdade ela é quem está cortando no sentido contrário ao filamento da carne. Pega a faca da mão da mulher e ensina pra ela a maneira como a carne deve ser cortada, como uma mãe ensina seu filho de três anos. Nisso ela se empolga e corta quase que a metade do filé para a mulher e deixa em pedacinhos.
O lugar é uma jóia francesa. Os donos então, são as relíquias. A comida é magnífica. Verdadeira comida de bistrô como deve ser. Comida de mãe francesa mesmo, sabe? Tudo no ponto certo, tempero certo.
Eu comi um entrecôte com fritas e o Paulo um magret de canard, tudo delicioso. Os outros pratos que iam chegando nas outras mesas a mesma coisa, cada um mais bonito e mais cheiroso que o outro. O lugar é uma verdadeira diversão e um deleite para a alma.
Ao final, todos os clientes se entreolhando como se fossem velhos conhecidos, morrendo de rir de um bom momento que estavam desfrutando. Nada melhor do que uma boa mama para acolher a todos como em uma grande casa cheia.
Para a sobremesa, não poderia pedir nada mais clássico do que um crème brûlée – estava uma maravilha. Com um diferencial de outros lugares onde eu como normalmente, o creme estava geladinho e o açúcar quente do queimado. Essa diferença de temperatura fez o creme explodir na minha boca.
Nada melhor do que casa de mãe para nos fazer sentirmos em casa! Um lugar real e com coração!
O The Christ Inn’s Bistrot é o antigo Cochon à L’Oreille e fica na 15, Rue Montmartre.