Mocotó – SP
Hoje eu vou falar de SP. Meu Estado predileto, o pedacinho de Brasil que mora em meu coração e nas minhas lembranças. Ai como sinto saudades daí…morar fora do Brasil, como tudo na vida, tem seus prós e contras. Estou sempre experimentando os sabores multiculturais e a diversidade que encontro por aqui, mas nada é melhor do que poder voltar de tempos em tempos e rever os sabores que fazem parte do que sou: o tempero brasileiro, as ervas, os ingredientes que não encontro por aqui, comida de pai, de mãe, de amigos queridos e também de excelentes restaurantes daí. Aliás, a cena da gastronomia tem estado estrelada (e não é de hoje) – Alex Atala acaba de ser reconhecido como o Chef do Ano pela Revista Britânica “Restaurant” na categoria “Chef’s Choice” e celebra muito o sucesso do amigo e colega de profissão Chef Rodrigo de Oliveira, que comanda as panelas do Restaurante Mocotó, na Vila Medeiros.
E é sobre o Restaurante Mocotó que estamos aqui reunidos hoje: eu escrevendo e você lendo =].
Segundo a TripAdvisor, ele está classificado como #6 de quase 5000 restaurantes em SP. Ou seja, minha curisoidade só ficou maior e mais latente depois de saber disso. Eis que tive a oportunidade de ir para SP por uma semana e claro, fui ao Mocotó.
Primeiro, a localização: Vila Medeiros. Acho que foi a minha primeira vez pelos lados de lá. E é longeeeee de onde costumo ficar, na zona Oeste, de qualquer forma é lindo ver um negócio dando muito certo mesmo que fora do circuito (isso só prova o quanto vale a pena conhecer). E olha que a reserva era para as 14h, numa quinta-feira qualquer e despretensiosa e a casa não só estava cheia como, apesar de reservado, esperamos pela mesa por uns 20 min. Sem reclamações, claro! Sentamos em uma das poucas mesinhas do lado de fora, muito bem acompanhados de água com gás em infusão de limão e uma porção dos famosos e incomparáveis Dadinhos de Tapioca: cubinhos perfeitamente fritos de tapioca com queijo de coalho, servido com molho de Pimenta Agridoce – molho equilibradamente picante e doce – uma combinação idílica, como dois amantes apaixonados.
Assim que a mesa ficou pronta, entramos e devo falar que o ambiente é animado, barulhento e com certeza não é a melhor opção para os casais com crianças pequenas a tiracolo. No mais, o público é bem eclético no quesito idade, e as risadas e celebrações estavam acontecendo à todo vapor! Clima de botequim com tradição e certamente clientes cativos.
O menu super variado é encantador. Para os amantes de comida nordestina e aos curiosos que querem descobrir novos sabores ou entender o que É comida brasileira de raiz, Mocotó é O LUGAR. Minha vontade era pedir o cardápio inteiro: Carne de sol, caldo de mocotó, queijo de coalho com melado, Dobradinha, Sarapatel, doces artesanais, cachaça…mas claro que não dava né, então fui bem conservadora, deixando para as próximas oportunidades a ideia latente de experimentar estes sabores mais fortes que não fizeram parte dos preparos caseiros na minha família.
Depois dos Dadinhos, começamos com um Salada deliciosa que super combina com estes dias quentes de verão que tivemos por ai – a Do Seu Zé, com palmito de pupunha, tomate caqui, cebola roxa e muito cheiro verde. Simples, caseira e riquíssima em frescor; com certeza os ingredientes são os melhores possíveis.
De prato principal, ‘com o calor que estava’, nada cairia melhor do que um peixe: o escolhido foi a Peixadinha do São Francisco – Pintado no molho de coco com tomatinho, cebola e pimenta cambuci, servido com mix de arroz e farofa crocante de coco queimado com castanha de caju…preciso falar algo ou a descrição do prato é auto explicativa? Essa farofa foi a mais incrível que já provei. Crocante, adocicada, cheirosa…o par perfeito em sintonia profunda com o peixe macio de toques adocicados e picante do molho de coco. Um espetáculo.
Para terminar com chave de ouro cravejada de diamantes, a sobremesa escolhida foi o Bolo de chocolate com cupuaçu e Castanha do Pará, servido quente com Bola de Sorvete de Nata. O Bolo denso e rico, feito com chocolate meio amargo me arrepiava à cada colherada sempre que eu encontrava um pedacinho de doce de cupuaçu no meio…hummm…que pecado! Acompanhado de café espresso também brasileiríssimo, com grãos da Fazenda Pessegueiro.
Enfim, experiência única. Só faltou a cachaça. Comida cheia de história, comprometimento e amor.
Quero muito voltar para provar outros pratos assim que puder e indico a todos que queiram prestigiar um trabalho sério e moderno, com a cara do Brasil e do Povo brasileiro – uma autêntica comida brasileira contemporânea.