Bolo de Rolo
A cultura é inegavelmente o maior bem de um povo: suas artes, costumes, jeito de falar e pratos típicos, sem deixar de lado o clima e a geografia de cada lugar. Férias, viagens e sobremesas são três coisas que combinam muito bem, principalmente nesta época do ano.
Sempre que recebo em casa amigos de fora do meu estado (Pernambuco) ou quando sou eu a estar viajando pra fora dele, tem uma coisa que sempre está presente: O Bolo de Rolo.
Esta sobremesa foi tombada como Patrimônio Cultural e Imaterial do Estado de Pernambuco, na Lei Ordinária Nº 379/2007. Pois é, dessert também é cultura! Foi na vinda da doçaria portuguesa ao nordeste colonial açucareiro que surgiu o Bolo de Rolo. Sua receita original era um bolo chamado Colchão de Noiva, um tipo de pão de ló, com recheio à base de amêndoas. Na falta destas e sob a fartura de goiabas na região, o recheio foi alterado e, consequentemente, todo o resto da massa. O bolo foi ficando cada vez mais fino e então finalmente assumiu sua forma enrolada, que exige muita prática para ser feita.
foto: CMMF
Sobremesa que pode ser chamada de artesanato dificilmente acerta-se de primeira. Isso porque muitas variáveis estão envolvidas; as qualidades da farinha, dos ovos e da manteiga podem refletir no resultado final, e um bolo muito macio ou assado além do ponto não vai conseguir ser enrolado.
foto: Luana Felisbino
O Bolo de Rolo deve ser fatiado bem fino, para melhor solubilização dele na boca, acompanha bem um café coado na hora, fica bom com vinho do porto, para quem gosta da mistura doce/salgado, com fatias também fininhas de queijo do reino fica fantástico, num final da tarde com chá de canela chega a ser poético. Receber um bolo de rolo é uma prova de carinho, é um presente de gerações, um abraço apertado em forma de bolo.