O chocolate através do tempo
O chocolate é (e sempre será) uma das melhores invenções da humanidade. Mas quando ele foi inventado, você sabe? Na verdade, faz muito, mas muito tempo que o cacau faz parte das nossas vidas. Estudos afirmam que já na era pré-Olmeca, antes mesmo de 1200 a.C., na região da Mesoamérica, o cacau era utilizado na fabricação de bebidas. Porém, historiadores acreditam que estas bebidas eram alcólicas e feitas a partir da fermentação da polpa do cacau, e não de suas sementes.
fonte: Cnnturk – foto de topo: Flourishing Foodie
Cerca de 500 anos mais tarde, a civilização seguinte começou a utilizar os grão do cacau. Os olmecas, como são conhecidos, além de usarem o pó do cacau como dinheiro, produziam uma bebida não-alcólica a partir dos seus grãos. Nascia o chocolate.
As civilizações Maia e Asteca seguiram a tradição de tomar chocolate, pois acreditavam tratar-se de uma bebida revigorante e afrodisíaca. O cacau, desta vez em forma de grãos, continuou sendo utilizado como moeda por estas civilizações. Registros históricos relatam que por volta de 1500, 100 grãos de cacau eram suficientes para comprar um escravo ou um peru.
Interessado em cultivar “dinheiro”, o conquistador do México, Hernando Cortez, decidiu plantar árvores de cacau pelas ilhas de poder espanhol. Mais tarde, o próprio Cortez foi quem levou utensílios e receitas para fazer a bebida na Espanha.
Os espanhóis adaptaram o chocolate para seu paladar adicionando açúcar e outras especiarias, como canela e baunilha. Em 1615, a princesa da Espanha, Ana de Aústria, se casou com Luís XIII da França e levou ao país o costume de tomar chocolate. A iguaria ficou conhecida nas cortes europeias, onde o chocolate era sinônimo de luxúria e poder.
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Aos poucos, o “alimento dos deuses” foi se espalhando e sendo repaginado em diferentes países da Europa. Em 1657, a primeira chocolataria foi aberta em Londres.
A Holanda marcou a história do chocolate em 1828, quando o químico Conrad van Houten descobriu que era possível extrair a manteiga de cacau dos grãos tostados e obter uma massa, que por sua vez poderia ser pulverizada e misturada a líquidos ou outros ingredientes. Essa descoberta foi importante pois reduziu o custo de fabricação, deixando o chocolate mais acesível, e permitiu que o ingrediente passasse a ser usado na confeitaria.
Mas a primeira barra de chocolate só nasceu em 1847, quando a empresa J.S. Fry & Sons misturou manteiga de cacau, cacau em pó e açúcar. Mais tarde, em 1875, o suíço Daniel Peter adicionou ao chocolate o leite condensado criado por Heinrich Nestlé (o nosso famoso Leite Moça hehehe). Não tinha a mínima chance de dar errado: dessa combinação, nasceu o chocolate ao leite.
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Quatro anos depois, Rodolphe Lindt criou a a máquina de “conching”, que mistura o chocolate até criar aquela textura aveludada e cremosa – típica dos chocolates de sua marca.
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Em 1912, a empresa americana Walter Baker & Company criou um doce feito à base de manteiga de cacau, açúcar e baunilha. Apesar de não conter sólidos de cacau, o doce ficou conhecido como “chocolate branco”.
Graças às plantações de cacau no sul da Bahia, o Brasil era um grande exportador de cacau no começo do século 20. A nossa primeira fábrica de chocolate, a Neugebauer, foi fundada em 1891 no estado do Rio Grande do Sul por uma família de alemães de mesmo nome. Foi quase um século de grande produção de chocolate nacional até que em 1990 uma praga chamada “vassoura de bruxa” acabou com as plantações de cacau. A praga gerou uma forte crise no setor e o nosso país ainda está correndo atrás do prejuízo.
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Também durante o século 20, só que no Velho Mundo, graças a renomados chocolatiers, países como Suíça e Bélgica ganharam destaque e ficaram famosos pela qualidade de seus chocolates. Porém, foram os produtos de baixo custo, com muito mais açúcar que cacau, fabricados e distribuídos por grandes empresas, que continuaram sendo líderes disparados de mercado.
Nos anos 2000, diferentes estudos começaram a apontar para os benefícios do chocolate amargo para a saúde, como prevenção de doenças cardíacas e câncer de intestino, entre outras. Além de aumentar o consumo de chocolates com alto teor de cacau, os chocólatras começaram a ficar mais conscientes sobre a origem dos grãos e os ingredientes presentes nas barras, bem como sobre as condições de trabalho dos produtores de cacau. Isso está mudando a história do chocolate e obrigando as grandes empresas a rever suas políticas de trabalho! Mesmo assim, ainda há muito a ser melhorado.
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As barras de origem feitas por pequenos fabricantes, que se preocupam com a qualidade dos grãos e em pagar um preço justo pelo cacau, são bem mais caras. De qualquer maneira, o consumidor bem informado paga por esse chocolate pois sabe que este dinheiro não está ajudando apenas o fabricante, mas também o pequeno produtor.
Muitos autores acreditam que esse é o futuro do chocolate: voltar a ser um artigo de luxo. Na minha opinião, acredito que o mercado do chocolate é enorme e que cabe todo mundo. Sem dúvida, espero que essa nova tendência suba o preço do cacau e faça com que as grandes empresas deixem de visar apenas o lucro, mas também tenham em mente a origem dos grãos. Ou seja, que deixem de comprar de produtores que usam mão de obra infantil, escrava ou barata e passem a incentivar um cultivo sustentável de cacau.
A história do chocolate é bem comprida, tanto que até me abriu o apetite! Acho que depois dessa vou lá repor minhas energias com uma barrinha hehehe!
Fonte: École Chocolat, “The True History of Chocolate” de Sophie D. Coe e Michael D. Coe, Revista Galileu e Revista Super Interessante.