Espumantes nacionais para o Ano Novo
Com as festas de fim de ano chegando, impossível deixar de falar de espumantes, afinal, em termos de vinhos, eles são a marca registrada das comemorações! Prometo tentar me conter nas informações, mas já vou avisando que essa é uma missão quase impossível. Isso, pois em primeiro lugar, é da minha natureza falar muito, e segundo porque esse é um assunto tão extenso, que eu poderia escrever um livro só sobre espumantes. Sendo assim, decidi falar nesse primeiro artigo sobre três pontos fundamentais: uma breve explicação sobre espumantes, como abrir e servi-los corretamente, e suas possíveis harmonizações. Para finalizar, irei listar os melhores espumantes nacionais escolhidos em uma degustação às cegas pela revista Menu de novembro de 2013.
De maneira geral, espumante é todo vinho que passa por duas fermentações naturais. A primeira é a fermentação alcoólica, responsável pela transformação do açúcar da fruta em álcool, que pode ocorrer em barris de carvalho, e é a fermentação comum a todos os vinhos. Já a segunda, específica dos espumantes, é a responsável pelo aumento da concentração de gás carbônico na bebida, tornando-a efervescente. Essa segunda fermentação pode ocorrer de duas maneiras: a champenoise, também chamada tradicional ou clássica, que ocorre dentro da própria garrafa, ou pelo método charmat, realizado em tanques de aço inoxidável pressurizado.
O aumento da concentração do gás faz com que a pressão de dentro da garrafa atinja até 6 atmosferas, ou seja, a pressão interna pode ser até 6 vezes maior do que a pressão daqui de fora! E é por isso que a rolha estoura quando a abrimos. E para evitar que a belezinha da rolha voe em direção à testa de algum convidado, o melhor a fazer é, após retirar o lacre, cubra a rolha com um guardanapo de pano e retire-a cuidadosamente. Já para não perder a perlage (as bolhinhas que ficam subindo na taça), sirva uma pequena quantidade com a taça inclinada, gire o espumante na taça para resfria-la, e ai sim, sirva o restante delicadamente, sem deixar formar aquele monte de espuma. Uma perlage ideal é aquela cujas borbulhas sejam abundantes e pequenas.
Ok! Agora que você já sabe como abrir e servir seu espumante, vamos discutir um pouco sobre a harmonização destes. A minha primeira dica, é que se for servir para um grupo de convidados muito heterogêneo, dê preferência aos demi-sec ou brut, e não aos extremos: doce e nature. O doce pode desagradar alguns de seus convidados, e é um pouco mais difícil de harmonizar. Já o nature, é o oposto, não tem nem um pouquinho de açúcar, e também não agrada a todos, principalmente àqueles que não têm o costume de degustá-los.
De maneira geral, os espumantes harmonizam muito bem com frutos do mar, principalmente ostras e mariscos. Também ficam muito bons com aperitivos salgados e apimentados, como canapés feitos a base de torradas temperadas com pimenta do reino e parmesão. Queijos curados e salgados também vão muito bem com eles. Se for para acompanhar um prato principal, molhos brancos mais gordurosos, frituras, pernil e peru, ficam bastante equilibrados ao serem servidos com espumantes brut. Para harmonizar com sobremesas, eu sugiro os espumantes da uva moscatel, que são mais doces e aromáticos, e ficam bem com tortas e compotas de frutas cítricas, morangos, maracujá, pêssegos, damascos e receitas que levam algum tipo de oleaginosa (castanhas, nozes, amêndoas). E claro: com uma deliciosa rabanada é uma tentação!!!! Agora se for servir um cheesecake com frutas vermelhas, sugiro um demi-sec ou um Prosecco (esse último é feito com uma cepa de uvas de mesmo nome, característico da região de Veneto na Itália, e também harmoniza bastante com oleaginosas).
E finalmente, como citei anteriormente, a revista Menu realizou uma degustação às cegas, para que os especialistas elegessem os melhores espumantes nacionais. Na reportagem, fica clara a agradável surpresa que os especialistas tiveram ao degustar alguns rótulos! Dessa forma, listei aqui 8 dos vinhos que foram avaliados, porém, a reportagem ainda traz outros rótulos que também receberam ótimas notas.
- Maximo Boschi Tradizionale 2009 (Vale dos Vinhedos), método tradicional. Notas frutadas e doces, com notas florais (foi o menos elogiado da degustação). Preço médio: R$37,00.
- Almaúnica Reserva Nature (Vale dos Vinhedos), método tradicional. Aromas com notas de especiarias. Preço médio: R$48,00.
- Lírica Brut (Pinto Bandeira). Elaborado na Cave Geisse, método tradicional. Aromas cítricos, frutas tropicais frescas e alguma nota floral. (Foi o que recebeu a maior nota na degustação). Preço médio: R$65,00.
- L.H. Zanini Extra Brut 2008 (Vale dos Vinhedos), método tradicional. Aromas com notas de avelã e frutas secas. Preço médio: R$77,00.
- Valmarino & Churchill Brut Nature (Pinto Bandeira), método tradicional. Nota marcante de madeira, levedura e um pouco de cítrico. Preço médio: R61,00.
- Cave Geisse Nature Terroir 2009 (Pinto Bandeira), método tradicional. Notas de maçã verde, cítricas e florais. Preço médio R$120,00.
- Orus Pas Dosé (Garibaldi). Rosè elaborado por Adolfo Lona, método tradicional. Notas de frutas vermelhas frescas e especiarias. Preço médio R$130,00.
- Maria Valduga Brut 2008 (Vale dos Vinhedos), método tradicional. Notas de panificação, abacaxi maduro e leve floral. Preço médio: R$144,00.
Desejo a todos ótimas festas e um feliz ano novo!
Salutè!