As casas astrológicas: o que são?
Por Luisa Nucada do @nux.astrologia
Um mapa astral, representação do céu astrológico num determinado momento, é dividido em doze setores, os quais recebem o nome de casas astrológicas. Cada casa cuida de assuntos específicos, e corresponde a uma parte da vida. São as casas que informam onde estão os atores celestes (planetas), agindo da maneira indicada pelo signo em que se encontram. É tipo assim: quem (planeta), como (signo) e onde (casa, isto é, área da vida).
Na Astrologia usamos muito a ideia de polaridades e eixos opostos. Aqui trago ideias gerais sobre as 12 casas, apresentando-as em pares. Para compreender bem uma casa, podemos olhar para a casa que está em oposição. Vejam só:
Eu X O outro
Casa 1
Esta é a casa que tem início no ângulo Ascendente, ponto referente ao início da vida e determinado com a hora exata do nascimento. Ao nascermos, o que chega no mundo? Nosso corpo. É uma casa corpórea e muito pessoal, que vai tratar da aparência física, vitalidade, comportamento – como esse corpo se coloca no mundo – e características de personalidade. Quem sou eu? Esta resposta está no signo Ascendente, que sempre será o signo da Casa 1, e no seu planeta regente. O planeta regente do Ascendente representa você, e a casa onde ele estiver trará assuntos centrais em sua biografia.
Casa 7
É a casa que tem início no ângulo Descendente, o ponto oposto ao Ascendente. O eixo Ascendente/Descendente corresponde à linha do horizonte, o traçado horizontal que divide o mapa em dois hemisférios, o superior e o inferior. O signo Descendente e a Casa 7 falam sobre “o outro”, aquele que não é você. Referem-se às pessoas com as quais você se relaciona, e os relacionamentos sérios no geral, tanto pessoais quanto profissionais. Casamento, parcerias de negócios, sociedades, relação com clientes… Aqui não está somente “o outro” que coopera conosco. Também estão os adversários, as relações de antagonismo, concorrência e disputa. Recebe o nome de “casa dos inimigos declarados”.
Minha grana X A grana alheia
Casa 2
Sucedendo a Casa 1, que trata do corpo, temos a Casa 2, onde vemos a sustentação desse corpo. É a casa do dinheiro. A grana que compra a comida, que paga o teto, que banca a sobrevivência. Questões alimentares e de consumo são vistas aqui. Os recursos que você tem para ganhar seu pão também. Podemos pensar para além das finanças, nos valores. O que você valoriza? Quais são seus valores pessoais e intangíveis? Quanto valor você vê em si mesmo? A análise desse setor permite compreender a autoestima, o amor próprio, o senso de valorização de si – e como tudo isso reflete na sua alimentação, no seu salário, na gestão das suas finanças.
Casa 8
Oposta à Casa 2, dos recursos próprios, está a casa dos recursos alheios. Trata do dinheiro dos parceiros e adversários. A renda de sócios, cônjuges, oponentes e clientes é vista nesse setor. Dote, pensão, herança, tributos, impostos, dívidas – a Casa 8 não fala somente do dinheiro dos outros que vem para o nosso bolso, mas também de quantias que saem do nosso bolso e vão para os cofres alheios. Compreende questões contábeis, bancárias, de seguros e investimentos. Oposta à casa que sustenta o corpo, aqui vemos a finitude do corpo: a morte. É a casa tanto do desencarne físico quanto da morte enquanto símbolo, os marcos de passagem que decretam encerramentos de ciclo. Após a morte do casamento, pode vir uma pensão; após a morte de um parente, pode vir uma herança.
Meu entorno X Lá fora
Casa 3
Após garantir o pão de cada dia na Casa 2, na Casa 3 começamos a socializar. É a casa dos irmãos, que para além de pai e mãe são os primeiros seres com quem temos contato, aprendemos a interagir e a conviver. Podemos estender o sentido dessa casa para as pessoas próximas: parentes, primos, vizinhos, aquela galera “chegada”, com quem temos relações fraternais. Os coleguinhas se encontram aqui também, é o setor da vida escolar, um dos primeiros ambientes de socialização. Aprendizado básico e técnico, cursos breves, a mente cognitiva e intuitiva são outros assuntos da terceira casa. E também as viagens curtas, como a cidades vizinhas, e os deslocamentos do cotidiano, no trânsito. É um setor de movimento, circulação e mudanças.
Casa 9
Depois da casa 8 da morte e fins de ciclo, na Casa 9 temos as viagens longas. Sabe aquela história de tirar um ano sabático após largar um emprego, ou sair de férias para se recuperar de um divórcio? Então. Essa casa tem uma pegada “comer, rezar, amar”, sem o comer e o amar, mas com a parte espiritual, de jornadas e peregrinações. É a casa do saber filosófico, do conhecimento, da universidade, cursos longos, religião e expansão de consciência. Quando vamos para longe, acabamos é indo para dentro de nós mesmos. Conhecer outras culturas, ressignificar modos de vida, distanciar-se do ambiente local para se iluminar. A grande luz característica dessa casa nos ajuda a entender sonhos, mensagens proféticas e a ler oráculos, como o tarô, os mapas astrológicos e outros jogos divinatórios.
Intimidade X Vida pública
Casa 4
Esta é a casa que se inicia no ângulo do Fundo do Céu, ponto mais baixo e privado do mapa, e que representa o chão onde nascemos, nossa pátria, lar de origem, os nossos pais. O que está embaixo da terra, os ancestrais, antepassados e raízes. É também chamada de “a casa dos tesouros escondidos”, e pode tratar de coisas literalmente enterradas, bem como de terras, propriedades e imóveis. É a casa da casa: da habitação, da residência, do ambiente doméstico e do lar, tanto físico quanto simbólico. Você se sente em casa, pertencente à sua família ou ao local onde nasceu? A resposta pode estar no quarto setor do mapa. Por falar dos que estão embaixo da terra, ou seja, os mortos, esse setor indica dons mediúnicos e o contato com o mundo espiritual.
Casa 10
Oposta à privacidade da Casa 4, a Casa 10 trata de temas muito “expostos”: a carreira, reputação e os feitos públicos, isto é, o que fazemos na sociedade. É iniciada pelo ângulo do Meio do Céu, o ponto mais alto e visível do mapa. Quem é você fora de casa? Qual seu status social? Questões como profissão, reconhecimento, notoriedade e possibilidade de fama são vistas aqui. Como o Meio do Céu é um ponto de dominância, está lá no alto, a Casa 10 também representa aqueles que têm poder sobre nós, e podem “nos dominar”, como chefes, autoridades, figuras públicas poderosas. O eixo Meio do Céu / Fundo do Céu é a linha vertical que divide o mapa em lado esquerdo e direito.
Prazer pessoal x Dever coletivo
Casa 5
Sucedendo a Casa 4, da ancestralidade, na Casa 5 nós passamos nosso DNA para frente: é a casa dos filhos. Das crianças e do universo infantil, lúdico, que compreende inclusive nossa criança interior. Jogos (de esporte e aposta), brincadeiras, hobbies, passatempos, as coisas gostosas da vida. Sexo também, claro, afinal essa é a forma mais convencional de se fazer crianças. Recreação e diversão, é a casa das festas, paqueras, flertes, romances leves. Não só de filhos “de carne” a Casa 5 é feita, mas também dos filhos simbólicos, as nossas obras, os frutos do nosso talento. Quando “parimos” um projeto pessoal não o tratamos como filho? Pois então. É uma casa artística, criativa e autoral. Uma obra de autor, seja um bebê, seja um livro ou uma peça de roupa, carrega a marca, a assinatura, o “material genético” de quem o concebeu.
Casa 11
Se a Casa 5 trata do que fazemos por nosso bel prazer, seja sexo, seja uma brincadeira, a Casa 11 aborda o que vai além da satisfação individual: a coletividade. Grupos, amigos, redes de pessoas, projetos em equipe, o construir em conjunto. É a casa dos “agrupamentos humanos” pelos mais variados motivos: clubes, associações, partidos políticos, coletivos, ONGs ou só a rodinha das suas amizades, mesmo. É uma casa bastante “benéfica”, fala da benevolência que dirigimos ao mundo ao nos engajarmos numa empreitada que vai além do nosso umbigo. Fala também do dinheiro que vem do trabalho, pois sucede a Casa 10, da profissão e notoriedade. Oposta à Casa 5 dos filhos, a Casa 11 é a casa dos “filhos dos outros”, do trabalho humanitário, do voluntariado e também dos filhos adotivos.
Saúde física X Saúde mental
Casa 6
O que você faz todo dia, e que impacto isso tem no seu bem-estar? A Casa 6 trata da rotina e da saúde física. Se seu cotidiano envolve sono de qualidade, refeições nutritivas, exercício físico e descanso, opa, a imunidade agradece. E se tiver consumo excessivo de substâncias tóxicas, trabalho estressante, comida processada e privação de repouso? Aí pagamos a conta no médico. Além das doenças e da área da saúde, com seus respectivos profissionais, a sexta casa abrange o ambiente de trabalho e as funções subalternas. Na antiguidade era chamada de “casa dos servos e escravos”, e pode falar sobre atividades exaustivas e mal remuneradas. Também é a casa dos animais domésticos e de pequeno porte, que têm efeito terapêutico e contribuem para a melhora do nosso estado de vida. Sabia que o ronronar do gato tem uma frequência curadora? Acalma e alivia a ansiedade.
Casa 12
Em oposição à Casa 6, da saúde física, na Casa 12 temos a saúde mental e temas muito abstratos, “invisíveis”. A Psicologia, questões psíquicas, adoecimento mental e conteúdos inconscientes são vistos aqui. É chamada de “casa dos inimigos ocultos”, pode representar pessoas que agem pelas nossas costas, e nos prejudicam sem que percebamos. Fala sobre auto boicote, quando nós mesmos nos sabotamos, por alguma crença inconsciente. O confinamento em suas diversas formas é assunto desse setor. Seja em instituições de internamento (presídios, hospitais, clínicas psiquiátricas, orfanatos, asilos); seja numa situação ou relacionamento limitante; seja dentro do ventre materno. A Casa 12 antecede a Casa 1, do começo da vida e do nascimento, e por isso corresponde à vida intrauterina. Na barriga da mãe estávamos sendo nutridos, mas em espaço reduzido, totalmente submetidos à vontade dela. Ah, gestação de projetos e trabalho de bastidores moram na 12 também. Assim como o exílio, a solidão, atividades de isolamento e os animais de grande porte (maiores que um bode).
Luisa Nucada é jornalista e astróloga da Nux Astrologia. Escreve horóscopos diários em seu perfil do Instagram: @nux.astrologia