O que é Inferno Astral?
Por Luisa Nucada do @nux.astrologia
Certamente você já ouviu alguém, prestes a aniversariar, reclamando que o inferno astral tá osso. Aí ficou sabendo que esse termo se refere ao mês anterior ao aniversário, no qual supostamente o azar assombra com mais frequência. E então passou a associar qualquer mau humor ou topada de dedinho com o tal período diabólico.
Mas o que diabos é Inferno astral? Se você me perguntar se ele existe eu vou dizer que não. Não há muito fundamento astrológico nem registro na literatura para sustentar um termo tão pejorativo. Ele se popularizou no século XX, e isso é ontem na história da Astrologia – um conhecimento antigo, ancestral, acumulado ao longo de milênios.
“Ah, mas eu sinto, sim, me bate uma melancolia, as coisas dão errado…”, você pode replicar. Super compreensível, eu diria, pois todo encerramento de ciclo é crítico. No aniversário, o Sol de nosso mapa astral retorna ao ponto de origem após passar pelos doze signos do Zodíaco. Esse retorno ou revolução solar marca o fim de uma volta zodiacal e o início de outra.
Finalizar e recomeçar é dramático. Pense em largar um emprego e procurar um novo, terminar um relacionamento, mudar de casa. Ainda que a mudança seja desejada, envolve sair da rotina, resolver pendências, burocracia e insegurança perante o desconhecido. Finalizações são mortes simbólicas, exigem força psíquica para renascer. Outros encerramentos “infernais”: o fim do ciclo menstrual, marcado pela TPM. O fim do ano, quando a gente se dá conta que “então é Natal, e o que você fez?”.
Demônios
Eu já fiquei doente na véspera de alguns aniversários, desculpa que meu corpo arranjou para não ser obrigado a celebrar. Não gosto de fazer festas, acho trabalhoso convidar pessoas, não sei lidar com amigos que furam, quanto aos que aparecem me sinto responsável por entreter, dar atenção, fazer sala… Estão vendo meus demônios? Medo de rejeição, receio do fracasso que é dar uma festa flopada, senso exacerbado de responsabilidade.
No “inferno astral” os demônios saem mesmo, mas isso tem menos a ver com Astrologia e mais com as angústias naturais de períodos de conclusão. É claro que conforta encontrar respostas celestes, não à toa amigas e clientes vivem me perguntando “o que tem no Céu” quando algo de esquisito acontece a elas. Procurar justificativas astrológicas para tudo é uma espécie de fuga dos diabinhos internos, dos incômodos revelados em momentos de crise.
Nenhum fundamento mesmo?
OK, já que vocês insistem, o que tem de astrológico nessa história é um tom de Casa 12. Explico: a cada vez que fazemos aniversário, podemos gerar um mapa, chamado de revolução solar. Esse mapa (e qualquer outro mapa astrológico) é dividido em 12 setores: as casas astrológicas. No último mês daquele ciclo, ou seja, 30 dias antes do próximo aniversário, ocorre uma ativação da décima segunda casa. A Casa 12 tem a ver com finalizações, prisões, saúde mental, sensação de confinamento e com o período gestacional – aquele em que o bebê está “preso” no ventre da mãe.
Neuras, questionamentos existenciais, sensações de cativeiro e baixa de vitalidade são
característicos da Casa 12, e de qualquer fim de ciclo. Isso é o suficiente para afirmar que inferno astral existe? Não. A não ser que você queira que exista, e fique alimentando o azar com energia negativa. Aí o inferno tá feito.
Luisa Nucada é jornalista e astróloga da Nux Astrologia. Escreve horóscopos diários em seu perfil do Instagram: @nux.astrologia.