Eclipses na Astrologia: como funcionam e afetam nossas vidas
Por Luisa Nucada, do @nux.astrologia
Cerca de quatro vezes ao ano, as redes sociais e sites de notícias anunciam a ocorrência de um eclipse, causam certo burburinho, especulações místicas e fazem surgir dúvidas sobre o tema, que é um dos mais complexos da Astrologia. Vamos entender como se dá esse fenômeno e quais suas possíveis implicações?
O eclipse ocorre quando uma Lua nova ou Lua cheia se dá próximo aos Nodos Lunares, o eixo formado pelo Nodo Norte e pelo Nodo Sul. E o que seriam esses Nodos? São pontos virtuais, ou seja, calculados, matemáticos, que marcam a intersecção entre a órbita da Lua e a órbita aparente do Sol – o caminho simbólico traçado pelo astro rei no decorrer do ano, tendo como ponto de referência a observação aqui da Terra. Nos dois pontos em que as trajetórias lunar e solar se cruzam, são delimitados o Nodo Norte e o Nodo Sul.
Os Nodos são exatamente contrários, diametralmente opostos. Se o Nodo Norte está em Áries, por exemplo, o Nodo Sul estará em Libra, que é o signo oposto.
Solar X Lunar
O eclipse pode ser solar ou lunar. Quando uma Lua nova (união do Sol e da Lua no mesmo ponto) se dá perto de um dos nodos, acontece um alinhamento entre o Sol, a Lua e a Terra. A Lua toma a frente do Sol, ocultando-o, e ocorre um eclipse solar (apagão do Sol). Eclipses solares sempre se dão na fase nova.
Quando uma Lua cheia (oposição do Sol e da Lua) se dá junto do eixo nodal, acontece um alinhamento entre o Sol, a Lua e a Terra. A luz solar projeta a sombra da Terra na fase visível da Lua, ocultando-a, e ocorre um eclipse lunar (apagão da Lua). Eclipses lunares sempre se dão na fase cheia.
Dragão devorador
O Nodo Norte também é chamado de Cabeça do Dragão, e o Nodo Sul, de Cauda do Dragão. Em algumas mitologias, contava-se que durante os eclipses um grande dragão no céu engolia um dos luminares (Sol ou Lua), ocultando sua luz.
Para as antigas civilizações, mais conectadas com a natureza, as luzes no céu (astros, planetas, estrelas) eram formas de orientação geográfica e guiança espiritual – e até hoje são, evidentemente. Mas no mundo antigo essa relação era muito mais forte.
A Astrologia surgiu da observação de movimentos celestes e da correlação com eventos na Terra. Povos antigos começaram a fazer associações do tipo: quando ocorria um eclipse solar, ou seja, a temporária ocultação do astro rei, o rei tinha problemas, era deposto ou ficava doente. Logo, eclipses solares foram associados a auspícios negativos para líderes e governantes, como presidentes.
A Lua é associada ao povo, às massas populares e à própria natureza e suas diversas formas de vida, tanto humana quanto animal e vegetal. Dessa forma, eclipses lunares podem anunciar problemas para a Terra, como catástrofes naturais e instabilidades para a população.
Mas no geral, tanto solares quanto lunares, os eclipses são preconizadores de momentos de intensidade, reviravoltas políticas, perturbação da ordem, mudanças repentinas ou desastres da natureza. São fenômenos vistos como “maléficos”.
Os luminares são doadores de luz, e luz é sinônimo de vida. Sol e Lua doam vitalidade, consciência, saúde e condição de gestão e autogestão – o Sol é o rei e a Lua é a rainha. Além disso, eles regem os olhos, sendo significadores da visão. Um apagar de luz é análogo a um apagar das certezas e da capacidade de orientação.
Eclipse da Covid
Um dos critérios para determinar a relevância e implicações de um eclipse é sua visibilidade. Esse fenômeno tende a apontar eventos turbulentos nas localidades nas quais é visível. Por isso, antes de se alarmar com previsões apocalípticas sobre um eclipse qualquer (o evento não é raro, como dito, ocorre em média quatro vezes ao ano), primeiro procure saber se ele será visível em sua cidade ou país.
É claro que por vivermos em um momento de intensa globalização, um acontecimento lá do outro lado do mundo pode reverberar na Terra toda. Haja vista o eclipse solar de 26 de dezembro de 2019, visível na Ásia, incluindo a China. Foi nesse país e em meados dessa data que surgiu o primeiro caso de Covid.
Como o eclipse afeta minha vida?
Muito provavelmente não afeta em níveis individuais, isolados do contexto macro. Eclipses são interpretados do ponto de vista coletivo. A não ser que você tenha um planeta ou um ponto importante do mapa (Ascendente, Meio do Céu, Parte da Fortuna etc) no mesmo grau de um eclipse ou a até um grau de distância, o evento não deverá representar implicações pessoais.
Por exemplo, o eclipse solar de 26 de dezembro de 2019 ocorreu no grau 4 do signo de Capricórnio. Caso você tenha algum planeta visível a olho nu (exclui-se Urano, Netuno e Plutão) ou ponto relevante a 3, 4 ou 5 graus de Capricórnio, o fenômeno pode ter correspondido a algum “’blecaute”, adversidade ou situação caótica mais direta em sua vida, a depender do que o planeta ou ponto em questão significa no seu mapa.
Nem sempre os efeitos são imediatos. Os eclipses têm tempo de “reverberação” longo, de meses a anos. E também não é sempre que ocorre a ocultação total da Lua ou do Sol. No caso do eclipse penumbral, por exemplo, apenas uma sombra ou borrão é projetada sobre o luminar. Eclipses totais tendem a ser mais dramáticos.
Mais do que se preocupar e se impressionar com o sensacionalismo que rola em torno desses fenômenos, o recomendado para um dia de eclipse é o tal do “orai e vigiai”: evitar lançamentos importantes, pois a inauguração pode ser “apagada”, não iniciar tratamentos de saúde e manter sua rotina, sem nada muito diferente do habitual. E se possível, dedicar-se à reflexão. Quem sabe, ao apagarem as luzes, brota algum insight poderoso da escuridão?
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Luisa Nucada é jornalista e astróloga da Nux Astrologia. Escreve horóscopos diários em seu perfil do Instagram: @nux.astrologia.