Mindful Eating: comer com consciência pode melhorar a qualidade de vida
Mindfulness ou, em tradução livre, “atenção plena” é um conjunto de práticas de meditação dedicado a fortalecer o foco e concentração no momento presente (saiba mais aqui). Mindful eating é a aplicação desse método na alimentação, utilizando das ferramentas para nos conectar com os alimentos e, principalmente, melhorar a relação de culpa, compulsividade e práticas pouco saudáveis no momento da refeição.
Se alimentar é uma das ações mais instintivas, ancestrais e naturais do nosso corpo. E desse modo, está ligada a muitos fatores além da reposição de nutrientes. Comer está relacionado à vínculos emocionais, angústias e vontades. Todas estas podem trazer sensações ao nos alimentarmos e estar atento neste momento é essencial para lidar melhor com sentimentos bastante intrínsecos a cada um.
O hábito de comer o que está prescrito em uma dieta de forma forçada, restringir alimentos, ou até, comer muito rápido e dividir o momento da alimentação com outras várias tarefas são indicativos de que a alimentação está “passando batida” e pode ser dada mais atenção. E esses são só alguns exemplos. O ponto é: com o Mindful Eating, que é um estudo bastante extenso, é possível mudar a nossa forma de nos relacionarmos com os alimentos e deixar o momento mais saudável para o nosso corpo e mente.
O QUE É?
O Mindful Eating consiste em usar todos os sentidos de forma mais aguçada durante a alimentação. Observar suas reações ao comer. E prestar atenção em quando você está com fome ou já está satisfeito. E – quase que – principalmente, em colocar o foco muito mais nas emoções do que nos pensamentos que possam “atrapalhar” o momento. Para isso, indica-se realizar as práticas que são possíveis com o exercício da calma, dilatação do tempo e observação.
O termo é amplamente estudado e tem muitas referências, livros, cursos e vivências para quem desejar seguir o estudo mais a fundo. O Centro Brasileiro de Mindful Eating responde muitas dúvidas, assim como o Mindful Eating Brasil. Também, o livro Mindful Eating: Comer com Atenção Plena publicado pela revista Saúde, escrito pela nutricionistas Cynthia Antonaccio e Manoela Figueiredo é uma ótima indicação de leitura.
E mais um ponto importante dentro da conceituação, é sobre o que o Mindful Eating não é! Abordagens alimentares que falam de tabelas, dietas, restrições alimentares e regras sobre o que podemos ou não fazer, fogem muito do conceito e da prática. Se falar de consciência, relação saudável e de cuidado com o alimento e com você, aí sim, estamos falando do mesmo assunto.
BENEFÍCIOS
A prática pode trazer mudanças bastante significativas em relação aos transtornos alimentares relacionados a compulsão alimentar, de forma que ao se relacionar de forma mais “calma”, dará tempo para o corpo e mente processar sobre o que se come e fazer as escolhas de acordo com a necessidade. E ter consciência para discernir o que é necessário e o que é fruto de desequilíbrios emocionais.
Dentro dessa mesma lógica, também enfrenta as formas alucinadas de perder peso, como a única saída para um corpo saudável. Portanto, levar apenas em consideração os nutrientes, carboidratos e proteínas fará com que se gere um sentimento de culpa e pensamentos negativos. Coisas que merecem ser esquecidas durante a prática do Mindful Eating.
Assim, também se encontram pontos muito positivos na melhora da digestão, descoberta de novos sabores, saciedade, redução da ansiedade e claro, assim como qualquer prática de meditação, possibilidade de viver melhor o presente.
COMO PRATICAR
Se você for a um curso ou vivência de Mindful Eating provavelmente verá o clássico exemplo da uva passa. Os facilitadores pedem para as pessoas olharem, prestarem atenção na textura, cores, formatos. Só então, depois de um tempo, colocar na boca e esperar um pouco para mastigar. Assim, sentir quais sabores, sensações e memórias despertam esse ato, para então, engolir e talvez, se sentir vontade, comer a próxima uva.
No entanto, essa técnica pode ser um pouco “idealista”, certo? O que acontece é que ela serve como base para incorporar esse “ritual” no seu dia a dia. E também, existem algumas dicas valiosas para colocar em prática o Mindful Eating, mesmo que seja aos poucos, de forma lenta, prazerosa e cheia de descobertas. Elas são:
(1) Desacelerar!
Coma devagar, experimente os alimentos, mastigue, sinta os sabores e tente planejar um almoço que irá durar mais tempo do que o normal. Está comendo em 5 minutos? Tente comer em 10. No outro dia, em 15, 20, 30… Até chegar em um tempo adequado para você.
(2) Saber quando se está com fome
Para isso, é preciso se conhecer e reconhecer no seu corpo quais são os sinais de quando você precisa comer ou quando está passando por um momento de ansiedade etc. Veja bem: não é um crime comer quando se está ansioso, apenas tenha consciência dos motivos para a sua “fome”.
(3) Ter um local e fazer um ritual!Comer em qualquer lugar pode ser um hábito para muita gente, mas, é de extrema importância ter um local confortável em que você possa sentar e saborear o alimento. Preze por isso sempre que possível e aproveite para fazer disso um “momento”.
(6) Desconectar-se e conectar-se
Deixe de lado outras coisas que não a alimentação, desconecte-se dos aparelhos, da TV, do celular e de problemas. Conecte-se a ação de alimentar-se, apenas!
(5) Equilibrar os alimentos
Exitem aqueles que trazem conforto e os que são necessários para a nossa saúde. Isto é, podem existir alguns alimentos que você não “ame” mas que são importantes. Crie o hábito de comê-los, mas sem muita pressão.
(6) Saber o que se está comendo!
Este é para dar aquela volta no tempo, no que temos de mais ancestral em nós e também saber sobre a procedência do que consumimos. Procure saber a origem do que você come, para além da prateleira do mercado. Quem produziu? Quem plantou? É comercializado por uma empresa bacana? Isso fará com que o alimento deixe de ser “apenas” um sustento, mas também faça parte dos seus ideais e história.
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Você faz, consciente ou não, alguma dessas práticas? Comente aqui pra gente ficar sabendo também 🙂