Pontos fortes: uma reflexão sobre o que fazemos melhor (e com amor)
Assim como pensar a produtividade, dinheiro, criatividade e outros pontos relacionados, muitas vezes, ao trabalho, pensar sobre seus pontos fortes – com os devidos cuidados e críticas – pode ser extremamente importante e interessante. Existe um livro chamado “Descubra os seus pontos fortes”, bastante difundido na comunidade empreendedora “em busca do sucesso”, e ainda, o título do livro traz um tanto de sensacionalismo. Mas, isto está longe de ser uma crítica, apenas um apontamento de que é possível olhar para o tema com outros olhos.
E se mudássemos “Descubra seus pontos fortes” por, “Olhe para você e saiba o que você faz bem”, ou “Qual a melhor forma de lidar com as nossas habilidades?”, e até um “Estou fazendo o que amo e valorizando o que faço melhor ou apenas dando atenção aos meus erros?”. Esta temática é, primeiramente, importante para nos dar oportunidade de buscar o autoconhecimento, criar possibilidades de autoconfiança, autoestima e reflexão sobre as nossas ações e sobre o que valorizamos em nós mesmos.
Portanto, segue a leitura para entender esses e outros pontos de discussão e, quem sabe, olhar para o que você faz de melhor e valorizar isso de forma consciente 🙂 Ah, a melhor forma de ler esse texto é encará-lo como uma reflexão e não como um manual, ok?
AS NOSSAS HABILIDADES
Primeiro, o que realmente são habilidades? O termo pode ser interpretado de algumas formas, no entanto, o que mais se repete é que as habilidades são o que tornam possível de o conhecimento se tornar uma ação. Ou seja, se você sabe de algo, precisa de uma habilidade para fazer “torná-lo real”.
Elas podem estar relacionadas a muitas ações: desde fazer um bolo, conversar com alguém até simplesmente dirigir. Também, podem ser reconhecidas de uma forma mais ampla: uma pessoa hábil para criar, para agir de forma racional, para ser organizada. É nesse ponto que acontecem os nossos maiores reconhecimentos.
Ainda, existe uma reflexão importante e bastante inicial para o processo de autoconhecimento: sobre o quanto identificamos e admitimos nossas habilidades. A tendência da maioria das pessoas é que tenham dificuldade para dizer no que são bons. Os motivos podem estar relacionados a pouca introspecção (olhar para dentro), baixa autoestima ou medo de ser considerado arrogante. Sim, é preciso ter cuidado, mas reconhecer as própria habilidades é (e precisa ser) diferente de prepotência.
TALENTO? DOM?
Já que falamos de habilidade, não custa também trazer um pouco sobre talento e dom. O talento é aquilo que pode ser considerada uma predisposição a desenvolver algumas habilidades mais facilmente. Ou seja, um conjunto de fatores “vindos de berço” (bem entre aspas mesmo) e que facilitam o aprendizado. Esses fatores estão relacionados à personalidade, cultura, gostos, acesso e até traumas e vivências.
O dom é passível de muita discussão. É trazido sempre como algo divino, que já nasce com você e deve ser valorizado. As afirmações sobre isso podem ser muito complexas e divergem entre culturas, opiniões e saberes. Desse modo, podemos entender que é a forma mais “rápida” de dar explicações aos talentos. “Não sabe o porquê de cantar bem? Dom!” Se é real ou não, é um questionamento interessante, mas talvez seja uma pergunta sem resposta para alguns.
AUTOESTIMA
Problemas de autoestima são frutos de muitos fatores sociais, emocionais e psicológicos e convergem em alguns desequilíbrios. Um deles é não conseguir olhar para as próprias qualidades, habilidades e pontos fortes. O caminho é começar a exercitar e tornar a ação de se reconhecer um hábito.
Ao dizer para nós mesmos no que somos bons é como se estivéssemos mandando uma mensagem para o nosso próprio cérebro que reconhecemos nossas habilidades, que acreditamos e confiamos em nós. Ainda, também dá vazão para enxergar as coisas boas da vida e lidar de forma mais saudável com os problemas. Mas, prestar atenção na autoestima é só um dos pontos. Tem mais:
QUANDO CRIANÇA, FAZIA O QUE?
Uma forma – bastante interessante – de analisar quais são nossas habilidades e pontos fortes que fazemos “melhor” é levar nossa memória ao passado, quando eramos crianças. Naquela época, com a mente mais liberta, as ações eram muito mais fluidas, sem julgamentos, espontâneas e naturais. Olhar para trás e tentar saber o que nos movia – e principalmente divertia – pode ser um ponto de encontro para descobrir no que podemos apostar hoje.
Porém, tenha um pensamento crítico em relação a isso. Pode ser que você amava fazer algo quando criança e hoje não quer mais. No entanto, isso não quer dizer que você é obrigado a voltar a fazer ou que fracassou. As vontades mudam mesmo. Observe também o que daquilo ficou ou que pode ser um ponto de partida. Amava dançar? Que tal apostar em atividades que mexem o corpo ou que usam dele e do movimento para demonstrar o que você pensa?
“VOCÊ QUE É BOM NISSO…”
Outro caminho é perguntar a um amigo, conhecido, chefe ou até seus seguidores, no que eles te acham bom. Ou ainda, nem precisa perguntar: o que mais as pessoas pedem para você fazer? Sobre o que elas vem te pedir um help? Aí pode estar a resposta sobre o que você é (ou demonstra) ser o melhor.
Mas lembre-se, isso é o que as pessoas vêem de você (ou acreditam que você é capaz), veja se faz sentido com o que você realmente é ou com suas vontades que talvez não sejam expostas ainda. E mais: se não estão subestimando sua capacidade, não é?
O QUE VOCÊ QUER FAZER?
Seguindo o fio dessa conversa, nem tudo que fazemos, por melhores que sejamos nisso, precisa ser necessariamente o sonho da sua vida, não é? Por isso é importante entender que as coisas podem mudar completamente e suas habilidades podem ser construídas em diversos momentos da vida.
E mais, está tudo bem ser ótimo em algo e querer fazer outra totalmente diferente para descobrir novas habilidades. Uma vida única, de apenas um caminho não precisa ser uma realidade para todos 🙂
NEM TUDO É PROFISSÃO (OU UMA COISA SÓ)
Existe esse pensamento de que é importante descobrir os seus pontos fortes apenas no trabalho, mas a vida não é feita só disso, concorda? Dá para refletir sobre suas relações, hobbies, lazer e quaisquer outras atividades.
O ponto é que os “pontos fortes” não estão de fato atrelados a uma ação. Ou seja, você pode ser bom em mais de uma atividade totalmente diferentes e elas terem o mesmo ponto de partida. Se você é uma pessoa ótima em raciocínio lógico poderá usar isso tanto para escrever um texto, quanto para cozinhar ou conversar com alguém – e este é só um dos vários exemplos, o da dança também serve aqui.
TAMBÉM, NÃO É PRECISO DESISTIR, OK?
Existe essa colocação de uma dualidade entre os pontos fortes e os fracos. No entanto, tudo isso pode estar confuso, equivocado ou complexo demais (seja qual for a palavra) e não se aplicar a todas as ideias e vidas. Existem milhares de outros fatores que influenciam nisso. Isto é, você pode reconhecer que é bom em algo e ainda assim querer se aperfeiçoar em algo que você não avalia quanto bom, e está tudo bem!
Seus sonhos, suas vontades, desejos e coisas que deseja experimentar na vida dizem respeito a você. E o julgamento do que você “é bom ou não” também pode estar extremamente relacionado a inseguranças, medos e outros sentimentos (já falamos disso, né?). Não precisa desistir de algo que está difícil, nem tudo tem a mesma régua e ela não vale para todos.
BONS ENSINAMENTOS DO LIVRO
O livro “Descubra seus pontos fortes”, de Marcus Buckingham e Donald O.Clifton é bastante motivador e questionador, ao mesmo tempo. Esses pontos levantados acima não necessariamente fazem concordância com tudo que a obra traz, mas tem muito dela ou partem do mesmo da mesma discussão.
Vale a pena a leitura, principalmente para entender que não precisamos (e nem vamos conseguir) ser ótimos em tudo e ainda, para aprofundar nas “técnicas” ou hábitos possíveis para quebrar as inseguranças e descobrir no que podemos fazer bem e ainda, com amor.
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Conta nos comentários, quais os seus pontos fortes e que você ama fazer?