A volta dos clássicos de Jean Paul Gaultier na Paris Fashion Week 2020
O terceiro dia da Paris Fashion Week (veja mais aqui) foi marcado pela despedida de Jean Paul Gaultier e muitas outras abordagens interessantes. Assim, os destaques estão para as propostas de reutilização de tecidos e reciclagem de Maison Margiela e Viktor & Rolf. Eu amei a ideia de nos inspirar nas ideias de reciclagem para tirar aquela roupa guardada no armário ou aquele retalho que sobrou de uma roupa que você cortou.
Os looks estão todos muito inspiradores e além das ideias de reciclagem, tem também muitas histórias do México, Egito e até do Himalaia. Afinal, roupa com história é tudo! Confere a seleção que fiz e se liga nas dicas e inspirações:
Jean Paul Gaultier: a despedida com 200 looks
O último desfile de alta costura da carreira de 50 anos de Jean Paul Gaultier aconteceu! O evento foi no teatro de Châtelet e apresentou mais de 200 looks com novas criações e peças históricas – que fechamento foi esse, gente? Muita gente famosa e importante na passarela: Yasmin Le Bon, Gigi e Bella Hadid, Karlie Kloss, Irina Shayk e até brasileira Lais Ribeiro.
Teve ainda Dita von Teese, que já desfilou várias vezes para Jean Paul Gaultier, e Paris Jackson, a filha de Michael Jackson. Outro ponto, é que durante sua carreira, o estilista ficou conhecido pela inclusão. Assim, já convidou para desfilar homens mais velhos, mulheres fora do padrão modelo 34 e em 2014 colocou em sua passarela a drag queen Conchita Wurst.
As listras clássicas da história de Jean Paul Gaultier não poderiam faltar e marcaram boa parte do desfile! As peças com ilusão de ótica, as “roupas cabide” trouxeram o toque divertido para o desfile, afinal, um casaco nem sempre precisa ser um casaco ou uma gravata pode ser o que você quiser… Ou seja, usar peças de uma outra forma torna qualquer look mais criativo.
E tem uns looks super famosos:
- Vestido espartilho Pin-up para mostrar a feminilidade da mulher.
- Espartilho cônico usado pela Madonna durante a turnê Blond Ambition, há mais de vinte anos.
Maison Margiela: reutilização e reciclagem
Maison Margiela Artisanal é o nome dado para o desfile criado por John Galliano, com inspiração na reciclagem do passado e o desafio de criar algo criativo para o presente. A coleção promete ser contra o desperdício e consumo excessivo, que utiliza materiais que já existem e, principalmente, ideias já consagradas e com possibilidade de reinvenção.
Peças clássicas utilizadas de outras formas, como casacos mais despojados, costuras aparentes e botões “mal colocados” são alguns dos detalhes do desfile. Mas, o destaque está também para os tecidos “baratos”, recortados, virados do avesso e combinados a cores muito fortes. Os neons em peças clássicas são tudo. As cores são verde ervilha, amarelo, azul royal e vermelho. Mas, a melhor parte são os truques de styling, como colocar um casaco jogado nos ombros, um cinto por cima do casaco e as sobreposições que fazem toda diferença.
- Será que é hora de tirar um casaco desses antigos do armário pra usar ele com uma luva colorida?
- E a parceria com a Reebok? Esses tênis super colors com salto estão em quase todos os looks do desfile. Dá, sim, para unir conforto com haute couture!
- Presta atenção na divisão para o dedão!
Franck Sorbier: México e Maria Félix, amo!
A inspiração para Franck Sorbier criar essa coleção é a famosa atriz mexicana Maria Félix, que sempre representou mulheres fortes, orgulhosas e altivas. Cada um dos desenhos de Sorbier é uma fusão perfeita entre o folclore mexicano e as peças favoritas do armário da estrela de cinema que faleceu em 2002.
Os vestidos com saias pretas ou coloridas muito largas e o xale preto com franjas e flores, enchem os olhos com os bordados mais LINDOS da vida: estampas de flores em cores vibrantes com vermelho, amarelo e azul. Além disso, o que chama muito atenção é esse estilo bem mexicana com as saias volumosas e coloridas e vestidos longos com motivos folclóricos do México! Arriba!
Elie Saab: México de novo, uhul!
Nada de minimalismo por aqui. A estilista Saab utiliza muitas impressões que parecem contar histórias mexicanas bordadas no vestidos de noite. A inspiração é sobre a narrativa de uma mulher da Europa que recebe uma carta para ir ao Castelo Chapultepec na Cidade do México, assim, entrelaça o passado real da Europa e do México e os reúne no presente.
Aqui o brilho prevalece! Sempre com muito ouro para lembrar o período imperial. Os bordados também aparecem e fazem as ondas nos tecidos, em conjunto com as flores, pérolas e redemoinhos barrocos, que aparecem muito nos tons de ouro, coral e turquesa.
Bouchra Jarrar: alfaiataria com muito estilo
O estilista Jarrar não participava da alta costura há quatro anos e está de volta. A sua proposta é montar o guarda-roupa ideal com apenas 15 peças, com muito uso de alfaiataria e t-shirts: uma forma de ficar bem vestida e sensual usando apenas o básico.
Sobretudos, casacos e blazers estão com tudo para aguentar o friozinho do fim da tarde OU, se quiser ser bem ousada e sexy, um smoking sem NADA por baixo! Atenção para os detalhes: mistura de estilos (alfaiataria com college, por exemplo), lenços berberes e a barra tipo fontana na frente e cortes grandes nas costas.
Julie de Libran: versatilidade e simplicidade
Na segunda coleção de alta costura da estilista a motivação foi trazer peças que expressem a excelência da mulher. Pensando nisso, o desfile conta com muitos vestidos que podem ser transformados e uma mistura de delicadezas com muita cor.
Muitos vestidos! Eu amo a praticidade da peça única, mas aqui tem outra versatilidade que amo: os vestidos divididos em duas partes. A seda, o cetim e tudo que for leve está nessa coleção, embora tenha também malha e até tafetá. Dourados com lantejoulas, diamantes estrelados e, claro, muito brilho.
- Simplicidade: sem manga ou mangas compridas, ombro nu e volumes arredondados.
- Ponto que curto muito: metade da coleção é feita de tecidos reciclados!
Viktor & Rolf: retalhos, patchwork e muita elegância
Patchwork foi a ideia encontrada para unir a alta costura ao reaproveitamento de materiais da Viktor & Rolf. Olha que incrível: eles utilizaram somente retalhos de tecidos para fazer toda a coleção. Para isso, usaram todo o estoque de sobras da própria empresa e de outros fornecedores, e assim criaram um desfile de bonecas lindas que mostram que fazer mais com menos material é o conceito.
Vestidos feitos de retalhos, fitas e golas em conjunto com as estampas florais fizeram parte da maioria das composições e estão na maioria dos tecidos – repito: reutilizados! E claro, tudo foi combinado com muito glamour! E a parceria com a Melissa? A sandália é usada em quase todos os looks e também é feita de material reciclado!
- Eu fiquei animada para juntar uns tecidos que tenho aqui e quem sabe fazer um peça única. Achei super inspirador, e você?
Zuhair Murad: brilho e bordados lindos
Agora tá liberado fazer a egípcia, haha! A coleção da Zuhair Murad é toda inspirada no Egito Antigo e trouxe muito da riqueza do ouro com muitos detalhes trabalhados com muitas lantejoulas.
Brilho, muito brilho e desenhos que parecem uma obra de arte – feitas com lantejoulas vermelhas, azuis e roxas e miçangas. As cores que prevalecem são o ouro, preto e vermelho – e o azul da pantone? rsrs. Mas, eu amei os vestidos com capas, bem rainha egípcia.
- Tem muitos vestidos, mas os macacões e shortinhos com jaquetas ganham meu coração.
Valentino: o clássico com muita cor
Com a vontade de mostrar mais sobre o processo de criação das suas obras, Valentino traz muito do clássico e das suas referências com composições que destacam a estrutura interna de alguns looks por meio de corpete exposto. Para animar, os volumes e a mistura de cores são destaques no desfile – é de fazer os olhos brilharem!
Formas mais ajustadas ao corpo e os vestidos-sereia com decotes gigantes nas costas trouxeram sensualidade. Os laços enormes e babados de tafetá dão volume às modelagens mais justas. Também tem o couro usado de forma nada usual: em babados, laços e até bordados em saias midi. Em conjunto com transparências por todos os lados, é muito glamour!
- Brincos muito clássicos, naquele estilo vassourinha, mas com proporções gigantes!
Guo Pei: Himalaia transformado em looks <3
Aqui a inspiração consegue me fazer feliz duplamente: Guo Pei se inspirou no Himalaia, e eu vejo o desfile e nao sei se quero vestir ou viajar pra lá <3
Mangas muito compridas e muito volume, que lembram os flocos de neve. Branco, que também faz referência a neve, combinado com estampas lindas bordadas com motivos sagrados budistas.
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E ai, o que você achou desse dia que marcou a história da moda? Vamos reciclar e nos inspirar nessas histórias? Eu amo!