Brigitte Bardot hoje: as referências que nos inspiram no dia a dia
Em 1959, Simone de Beauvoir escreveu: “Ela é a ídola da juventude norte-americana, um produto de exportação tão importante quanto os carros da Renault”. Se referindo a Brigitte Bardot e comparando aos automóveis mais vendidos da época, como um símbolo francês adorado e consumido por outras culturas, que representava a liberdade feminina, sexual e de uma beleza no mínimo corajosa da época.
BB, como era chamada Brigitte Bardot, começou sua carreira como bailarina, cantora, depois atriz e hoje uma ativista pelo direito dos animais. Suas influências na moda, na forma de se portar das mulheres e principalmente no marco histórico que Brigitte causou estão presentes em seus filmes, músicas e em muitas referências presentes até hoje. Esse texto é, portanto, um compilado de algumas (apenas algumas mesmo) marcantes referências plantadas por BB, tanto no cinema, na música e também, na forma de pensar e lidar com esse feminino ao estilo Bardot de ser.
- Se quiser saber mais sobre a história dela, clique aqui.
AS SAPATILHAS DO BALÉ
Antes de toda a história, a pequena Brigitte Bardot era uma bailarina e foi assim, a partir dessa sua própria referência, que a diva usou sapatilhas nas ruas e difundiu a ideia de que mulheres poderiam usar sapatos mais confortáveis – simples, objetiva e revolucionária!
Rose Repetto, empresária e dona da marca de sapatilhas Repetto, em 1956 produziu algumas peças especialmente para Brigitte Bardot usar em um dos filmes e claro, no dia a dia também.
A ERA NOUVELLE VAGUE
Tudo está muito bem casado com a era Nouvelle Vague, um movimento artístico do cinema francês do final dos anos 50. A estética ou forma de produção tem um objetivo bem explícito: ir contra as produções de Hollywood da época, dando prioridade a um chamado “cinema de autor”, mais barato e encabeçado por críticos de cinema.
É nesse momento que entra em protagonismo Brigitte Bardot. Ela, assim como a era Nouvelle Vague, contrapõe o que as atrizes norte-americanas traziam como um “ser mulher” no cinema. Novos figurinos, novas histórias, novos posicionamentos… É quando BB passa a frente de Marilyn Monroe e usa biquíni na telona, diferente da diva hollywoodiana, que havia usado apenas maiô, por exemplo.
BIQUÍNIS, POR QUE NÃO?
Mas, antes de estourar, ainda em 1952, Brigitte já estava trabalhando em alguns filmes mesmo sem tanta repercussão quanto seus próximos. Foi quando, em um mesmo ano, estreou logo em dois: Manina, a moça sem véu e Le trou normand.
Ambos traziam, junto às histórias, essa quebra de paradigma com a atriz vestindo apenas biquínis e influenciando uma geração inteira. Mesmo sem tanta fama ainda, o pai de BB, Loius, abriu processos na justiça para que as cenas da filha não fossem veiculadas, mas não ganhou a causa e não adiantou muito, não é? Muitas mulheres usam biquíni hoje 🙂
QUE TAL DANÇAR EM CIMA DA MESA?
Alguns anos depois aí sim Brigitte Bardot estava estrelando um filme que fez muito sucesso, e casa também com a data da era Nouvelle Vague. Em E Deus criou a mulher (1956) Aqui também usava pouca roupa, mas a grande polêmica se deu também pela história: uma adolescente de uma cidade conservadora se envolve com um homem rico mas se apaixona por outro, pobre. E mais, uma das cenas consideradas mais “sexys” do cinema é quando ela dança descalça e com a saia um tanto aberta sobre uma mesa em um bar.
Houve até proibições do filme em alguns países, afinal, trazia a história de uma personagem ainda jovem, sensual, frágil e com com atitudes maliciosas para uma mulher naquela época. Era quase como um start para o imaginário feminino do que poderia uma mulher fazer e do que as mulheres são capazes. E é nesse filme que abusa de cabelos ao vento, vestidos curtos e às vezes apenas um lençol 😉
OLHOS PRETOS E MAIS UMA POLÊMICA
Vários filmes foram estrelados por Bardot desde 1952 até 1974. Em 1973, ela faz parte de uma fase importante e polêmica da história do cinema. No filme Don Juan, Bardot e Jane Birkin protagonizaram uma cena de sexo entre duas mulheres, uma das primeiras. Detalhe: o filme era dirigido pelo seu ex-marido, Roger Vadim.
Aqui, além disso, é marcante os traços que ela traz para o fim da sua trajetória cinematográfica. Os olhos marcados com preto, cabelos que mudam o tempo inteiro, ora roupas ousadas, outras nem tanto, mas sempre uma autenticidade e personalidade Bardot muito bem marcadas pelas atitudes e imagens do filme. No mesmo ano também participa do filme Colinot Trousse-Chemise, lançado apenas em 1974, que marca seu último trabalho com a sétima arte.
A VOZ FRANCESA E MUSICAL
No meio dessa história ligada ao cinema, Brigitte Bardot lançou muitas músicas, levando paralelamente uma carreira de cantora. A discografia é composto por 6 álbuns e muitos singles. Elas, ao mesmo tempo que a cantora e atriz passa por suas fases, também trazem contrapontos ao que era preestabelecido à época.
Uma das canções, Harley Davidson trazia a história de uma mulher livre sobre sua moto (tem um artigo bem legal aqui). Outras, uma pegada mais sensual. Ultimamente os discos de Bardot tem ganhado fama, talvez pela posição nostálgica e revolucionária que representam hoje.
INSPIRAÇÃO PARA MUITOS
Bardot é constantemente citada, referenciada e poetizada em muitas músicas de cantores e compositores. Muitos deles são brasileiros e trazem BB como objeto de desejo, inspiração e questionamento sobre o fim.
Bob Dylan, por exemplo, dedica sua primeira canção para Brigitte, outros, seguem uma linha parecida: Elton John, Billy Joel, Red Hot Chilli Peppers, The Who. E no Brasil, BB já passou pelos versos de Caetano e de Tom Zé, quando reflete que “Brigitte Bardot está ficando velha”.
BÔNUS: SEXY KITTEN, EFFORTLESS E A ORLA BARDOT
Alguns nomes foram dados às coisas a partir das influências de Bardot. Dentre eles são nomes a movimentos ou estilos, até mesmo a uma praia aqui no Brasil. Em 1964, Bardot queria um pouco de paz e visitou um até então distrito desconhecido de Cabo Frio, hoje Búzios. Descoberta pelos paparazzis, perdeu seus segundos de calma, mas deixou um legado e um nome para uma das praias de Búzios: a Orla Bardot.
E quando se pesquisa sobre Brigitte Bardot hoje, também se encontram alguns termos para representar sua personalidade. Sexy Kitten, é o termo dado para conceituar essa “garota jovem e sexy”, tal como era BB. Mas também, Effortless, em tradução livre, “sem esforço”, para falar sobre uma beleza mais natural, que não precisa de muitas coisas para ser o que é: Brigitte Bardot.
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Tem alguma referência que você lembra de Brigitte Bardot hoje? Deixe nos comentários 🙂