Louise Brooks: uma musa com a liberdade de fazer o que quiser
Falar sobre Louise Brooks não é uma tarefa fácil. Afinal, buscamos inspiração para seguir em frente, para ser feliz e ter uma vida esperançosa. No entanto, Louise fez justamente o contrário: desistiu diversas vezes. Deixou para trás oportunidades por não acreditar nelas, rasgou páginas e páginas de sua autobiografia por entender que não merecia ser lida daquela forma que ela mesmo escreveu. E desse modo caiu no esquecimento por muitos anos. Só que tem uma coisa que ninguém fala: ela nunca desistiu das suas próprias vontades e certezas do que queria para a própria vida.
No pouco tempo que teve de carreira todas as vezes que Louise aparecia em cena era um impacto indescritível. Seus olhos, pescoço à mostra e força em cada cena faziam prender o olhar nas telas e deixou muita gente de queixo caído. Tanto aquelas pessoas que se inspiravam em sua beleza, corte de cabelo e modo de vestir e portar, tanto aquelas que a desejavam como símbolo de sensualidade. E Louise representava isso e muito mais.
HISTÓRIA
Voltando a história da atriz, ela nasceu em 1906, nos Estados Unidos. Depois de dançar quando adolescente, atuou em seu primeiro filme (na era do cinema do mudo) em 1925. Este era o The Street of Forgotten Men – pelo qual não recebeu os créditos. Depois, ao longo de 13 anos esteve em mais 23 filmes, sendo marcada pelo seu sucesso em A Caixa de Pandora, rodado na Alemanha. A personagem a qual ela dava vida era Lulu, uma mulher com mistérios e bastante sexy, que representava muito a personalidade de Louise Brooks.
Mas, no meio desse percurso tiveram algumas intrigas. Logo no início começou a trabalhar na Paramount, depois foi para Hollywood e mais tarde, ao pedir um aumento foi negada e desligou-se da produção norte-americana por não concordar com o baixo pagamento. Então vai para a Alemanha, grava A Caixa de Pandora e volta. O cinema falado começa a aparecer e um pedido de dublagem da Paramount para um filme seu é feito e ela recusa, por não aceitar as condições. Então, divulgam que ela teria uma voz ruim e ela perde bastante prestígio.
ONDE ESTÁ LOUISE BROOKS?
Não se sabe ao certo se foi exatamente dessa forma ou com quais palavras esse fato aconteceu. Nem exatamente o que aconteceu na sua vida depois disso. A atriz escreveu uma autobiografia mas não a publicou, desistiu – nela possivelmente falaria sobre sexualidade, sobre o abuso que sofreu quando criança e traumas de uma atriz dos anos 20. O que nos apresenta hoje como memória, depois do seu falecimento em 1985, são a partir de muitos sites dedicados a ela, documentários e relatos dela e de outras pessoas.. Mas, afinal, o que a memória de Louise Brooks deixa é que não se conteve feliz quando foram impostas as condições da indústria cinematográfica, negou o que era proposto a ela e isso a fez “desaparecer” por muito tempo.
Claro, isso não estava presente somente nos filmes, também era lembrada por sua vida amorosa agitada – um deles, um tanto misterioso foi com Charles Chaplin. Também, seu cabelo acima da ombro fez sucesso e virou febre nos anos 20: “para deixar o pescoço amostra”, como ela mesma afirmou. Todos esses fatos mostravam o fervor de uma mulher decidida: namorava quantas vezes quisesse, tinha o cabelo que bem entendia e recusava os trabalhos que bem entendesse.
OS ANOS 20
Os anos 20 são conhecidos como os “anos loucos”, em que muita libertação, principalmente das mulheres, vieram à tona. Festas, muito álcool e uma juventude que deixava para trás os “bons costumes”. Foi quando surgiram as “melindrosas”, representada por mulheres sem espartilho, olhos com maquiagem escura, cabelos curtos e cortes diferentes das roupas – lembrou alguém? sim, Louise Brooks!
O contexto social também estava mudando. Algumas mulheres já podiam votar nos EUA, alguns artistas negros vieram para o palco com o Jazz, além dessa nova áurea causada pelo improviso da música e algumas conquistas. Mas, repare que apenas “algumas” pessoas e “algumas” mudanças. A aversão a toda essa libertação era imensa e movimentos discriminatórios estavam bastante presentes e preocupantes.
INSPIRAÇÃO
No entanto, toda essa “nova era”, que combinava com a era de ouro de Hollywood deu espaço para Louise Brooks colocar suas vontades para fora e dizer não para o que era imposto a ela. Assim, sua carreira terminou muito cedo e voltando a ser lembrada recentemente com essa onda de olhar para o passado e buscar inspirações – acho que é o que estamos fazendo aqui, não? ? O vestido da foto é uma inspiração dessa musa para a Auranuda, por exemplo (clique aqui para saber mais).
De qualquer forma, é inegável que sua história, ainda que breve, nos conte sobre uma época considerada o início de uma libertação do corpo para muita gente. E isso está muito bem representado nas roupas e formas de se portar dela. As mulheres não estariam mais presas aos espartilhos – nem aos contratos impostos. Poderiam colocar seus ombros a mostra, sem cabelos longos – mostrar o que quisessem. Olhos pretos e mais joias deixaram claro que era um momento de sair, curtir a noite e brilhar muito.
***
Você já tinha ouvido falar sobre a Louise Brooks? Deixe nos comentários sua opinião 🙂