Siesta na Espanha: O que é?
Imagine um mundo onde parar de trabalhar na metade do dia para tirar uma soneca bem gostosa é o padrão! Sei que isso parece algo bem estranho e utópico, mas é a realidade de muitos espanhóis. E se você não tem ideia do que estamos falando, é porque nunca deve ter escutado falar sobre a siesta.
Como eu e o Paulo estivemos recentemente na Espanha, ficamos nos perguntando de onde vem essa tradição do soninho da tarde espanhol. Vamos descobrir juntos?
Como surgiu?
Primeiro de tudo, de onde veio a siesta? Por que, em algum momento, acharam que seria interessante parar no meio da tarde para descansar?
Bom, vamos lá. Antes de mais nada, precisamos entender que o verão espanhol é extremamente quente. Estamos falando de mais ou menos 40ºC com céu aberto, sol forte e tempo seco. E eram nessas condições que os camponeses trabalhavam em meados do século XX, expostos ao calor constante. Para evitar passar tantas horas nessa quentura toda, os trabalhadores começaram a fazer pausas durante os horários que o sol estava mais forte, que costumavam ser logo depois do almoço. Faz todo sentido, certo?
No entanto, o mais curioso é que essa tradição continua existindo, apesar de perder força a cada ano. Apesar disso, em Ador, pertinho de Valência, existe até mesmo uma lei garantindo o direito dos cidadãos de fazer uma pequena pausa de 3 horas.
Por que o nome siesta?
Não é novidade para ninguém que muitas das palavras que usamos hoje em dia são derivadas do latim, e a siesta é apenas uma delas! Muitos anos atrás, os romanos costumavam descansar na sexta hora do dia, dividindo o tempo em 12 horas de luz e 12 horas de escuridão.
Pensa comigo agora: se começamos a trabalhar mais ou menos 8 da manhã, a sexta hora do dia seria às 2 da tarde. E era mais ou menos nesse horário que eles paravam para descansar. Ou seja, basicamente, a sexta hora deu origem para a expressão “siesta”. Dúvidas?
Ainda é praticada?
Verdade seja dita: estamos o tempo todo correndo contra o tempo, sempre tentando fazer mil coisas de uma única vez. Por isso, fica até mesmo difícil pensar como seria viável parar de trabalhar para tirar uma soneca. Realmente, as grandes empresas e redes de comércio não param. Nesses casos, as necessidades capitalistas acabam falando mais alto. Até porque, imagina ir no McDonald’s na parte da tarde e encontrar o local de portas fechadas?
Ainda assim, lojinhas menores e de bairro costumam fazer pelo menos uma hora de siesta. Aquelas que levam a tradição à risca fecham as portas das 14h às 17h, depois trabalhando até às 21h, mais ou menos. É como se o trabalho fosse dividido em quatro horas trabalhadas pela manhã e mais quatro horas depois da siesta.
Apesar desses horários malucos, os pontos mais turísticos da cidade funcionam normalmente. Nada de siesta para os funcionários que trabalham neles!
As pessoas dormem mesmo nesse meio tempo?
Em teoria, a siesta seria um tempo de descanso para os trabalhadores. Afinal, depois de comer bastante no almoço, uma soneca é sempre bem-vinda. Mas o que acontece é bem diferente disso.
Por ser uma pausa tão longa, os espanhóis acabam usando esse tempo para resolver outras coisas. Ir na academia, pagar as contas, cozinhar as marmitas da semana, colocar a série em dia e passar um tempinho brincando com o pet, por exemplo, são algumas das atividades que podem ser feitas em três horas. Pensa em tudo o que você faria com esse tempo todo livre!
Em números
Agora, um panorama geral para entender a situação e comparar a hora da soneca com outros países. Levando em consideração uma pesquisa do El País de 2016, 58,6% dos espanhóis não fazem a siesta! É mais da metade da população, sendo que só 16,2% fazem a siesta todos os dias.
Ah, e quer saber outro fato curioso? A média de estadunidenses que tiram um cochilo na parte da tarde é maior do que a do pessoal da Espanha. Tudo bem que a diferença é de apenas 1% (34% contra 33%), mas ainda assim dá para falar que os espanhóis dormem um pouco menos – e continuam levando a fama da soneca!
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Depois de todas essas informações, qual a sua opinião sobre a Siesta? Será que ela funcionaria aqui no Brasil?